Homem perseguiu e ameaçou com pistola ex-namorado e o novo companheiro
Um caso de ciúmes descontrolados em Rio Maior chegou ao tribunal por causa de perseguições e ameaças com arma de fogo após um relacionamento que começou numa aplicação ligada à comunidade LGBTQ. O caso que decorreu entre o Verão de 2023 e Outubro do ano passado, está agora a ser julgado em Santarém.
Um homem de 53 anos está a responder no Tribunal de Santarém por perseguir e ameaçar outro homem de Rio Maior que conheceu numa aplicação denominada “Grindr”, que se dedica à comunidade LGBTQ, e com quem manteve um relacionamento durante um ano. Acusado pelo Ministério Público dos crimes de violência doméstica, ameaça agravada e detenção de arma proibida, o arguido perseguiu e ameaçou com uma pistola não só o ex-namorado como o novo companheiro deste, que acabou por alertar as autoridades para a situação.
O caso começa no Verão de 2023 quando a relação terminou, com o arguido a ameaçar o ex-companheiro com cartas manuscritas que deixava na residência deste, nas quais dizia que se não era dele não seria de mais ninguém. Até Setembro de 2024 enviou mensagens através das redes sociais Instagram e Facebook, dizendo que lhe fazia a folha. Segundo o Ministério Público, um dia que não se conseguiu apurar com exactidão, junto à loja do cidadão de Rio Maior, o arguido dirigiu-se ao veículo onde estava o ex-namorado e empunhou uma pistola ilegal de calibre 6.35mm encostando-a à face da vítima, que deu um empurrão na mão que tinha a arma e fugiu do local.
A vítima refez a sua vida amorosa com outro homem que com ele passou a residir, o que provocou, segundo a acusação, fortes ciúmes ao arguido com impulsos que deixou de controlar. Foi nessa altura que aparece num café onde estava o casal, tecendo comentários impróprios e pegando numa cadeira da esplanada para atirar ao ex-namorado, não o tendo atingido. Depois, antes de abandonar o local, desferiu um murro na mesa, sendo visível que tinha a pistola junto à cintura, segundo descreve o Ministério Público.
Em Outubro do ano passado tentou atravessar a sua carrinha à frente do carro do ex-namorado na zona industrial da cidade e no mesmo mês abordou o novo companheiro da vítima no centro da cidade, dizendo que o ia matar, entre outras expressões, tendo retirado a pistola da cintura e apontou-a à cabeça deste que já estava ao telefone com a GNR, tendo gritado que ele tinha uma arma o que fez com que abandonasse o local. Os militares do posto de Rio Maior interceptaram o suspeito momentos depois, tendo verificado que este tinha na sua posse um pau e a pistola com uma munição na câmara e cinco no carregador.
Quando foi para o posto da GNR o suspeito ainda evidenciou mais a sua ira contra o ex-namorado, dizendo aos guardas que podia ser a última coisa que fazia, mas que ia meter o namorado e o seu novo companheiro debaixo da terra e que agora ia ficar sem arma mas que tinha dinheiro para comprar outra. O Ministério Público sustenta que o arguido sabia que a sua actuação causava sofrimento ao ex-namorado e mesmo assim quis maltratá-lo, ameaçá-lo, incomodá-lo e perturbar o quotidiano dele, tendo o intuito de atentar contra a sua dignidade, saúde e bem-estar.