Sociedade | 04-06-2025 15:00

Crianças aprendem ciência, arte e agricultura ao ar livre em Alenquer

Crianças aprendem ciência, arte e agricultura ao ar livre em Alenquer
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Joana e José Vicente aproveitaram o terreno dos avós para dinamizar projectos comunitários

Projecto Tribo da Horta nasceu da vontade de dois irmãos em dar vida nova ao terreno dos avós, durante a pandemia. Hoje, é um espaço onde se semeia imaginação, colhe-se criatividade e vive-se em contacto directo com a terra. Na terceira edição do projecto, as famílias deixaram a cidade para passarem um dia na natureza.

Promover o contacto com a natureza e estimular a criatividade nas crianças foi o mote para o desenvolvimento do projecto Tribo da Horta, que arrancou há dois anos em Alenquer. Tudo começou na altura da pandemia, quando José Vicente e a irmã Joana Vicente regressaram aos terrenos que eram dos avós e a que não davam o verdadeiro valor. Com a pandemia, José Vicente, engenheiro agrónomo, criou a Sabor com Vicente e começou a produzir frutas e legumes de forma natural no espaço familiar.
Joana Vicente, informática a residir em Lisboa, juntou amigos com interesse na educação não formal e no desenvolvimento livre das crianças, e arrancou com a Tribo da Horta. “Temos uma família numerosa, com muitos primos. O projecto começou apenas para os de casa, mas depois apareceram actividades que surgiram do nosso círculo de amigos”, explicou à margem da terceira edição do projecto.
O MIRANTE acompanhou o dia aberto às famílias, em que a maioria dos participantes era proveniente de Lisboa, Amadora e Sintra. No espaço ao ar livre, as crianças brincam livremente, sem receio de carros. Sujam-se, mexem na terra e dão asas à imaginação.

Crianças são convidadas a explorar a criatividade
A terceira edição da Tribo da Horta contou com quatro duplas de mentores, cada uma com dois projectos a funcionar. Uma das actividades foi a agricultura e dança, em que as crianças plantaram alfaces e aprenderam sobre o ciclo dos alimentos, ao contrário da realidade que o supermercado apresenta. Noutra dinâmica, fizeram yoga enquanto ouviam histórias. A actividade de música e construção de instrumentos foi dinamizada por uma professora de música e uma terapeuta da fala, que ensinou a construir instrumentos de madeira.
Todos os mentores têm as suas profissões e, uma ou duas vezes por ano, disponibilizam o seu tempo para este projecto paralelo. É o caso de Gisela Laureano, professora, designer e ilustradora, que dinamizou a actividade Arte e Ciência. As crianças experimentaram carimbos com tintas naturais, feitas a partir de legumes da horta como couves, repolho, cenoura, e frutas como limão e maçã. “As crianças devem explorar livremente a sua vertente artística e sensorial. Através de manchas de cor e riscos, exploram o seu imaginário e criam histórias. A escola, muitas vezes, baliza trabalhos todos muito certinhos, que não exploram a potencialidade criativa”, diz.
Irina Póvoa, engenheira química, tratou da componente científica. Deixou o laboratório para desenvolver um projecto de ciência com crianças nas escolas, desde a creche até ao final do 1º ciclo. Na Tribo da Horta ensinou experiências com materiais do quotidiano, como a criação de tintas a partir de legumes e frutas. “Os pais devem fomentar a criatividade e o pensamento crítico. As bolhas de sabão, que estou aqui a ensinar, são fáceis de fazer em casa. Basta água, detergente e açúcar, em proporções que lhes expliquei. Para as bolhas ficarem grandes, usamos amido de milho”, relatou.
Da cidade para o campo
Joana Vicente refere que ainda há um longo caminho a percorrer nas escolas para dinamizar o contacto com a natureza. Com a filha numa escola de Lisboa, passa todos os fins-de-semana em Alenquer e tenciona mudar-se definitivamente quando tiver oportunidade. “Os miúdos da cidade vivem muito tempo em espaços fechados. Percebe-se a diferença nas crianças com muito espaço exterior. Os pequenos chegam aqui tímidos, mas no final da tarde já sentem a liberdade do espaço e querem repetir a experiência”, conta.
A Tribo da Horta não tem idade. O bebé Mateus, de sete meses, já começou a ter contacto com a natureza. A mãe, Joana Silva, teve o filho numa cidade do México, onde vivia até há um mês, mas tem família em Alenquer. “Somos da Espiçandeira e estamos habituados ao campo, mas o meu filho nasceu no México e isto é completamente novo para ele. Os estímulos e o contacto com a natureza são muito benéficos”, defendeu.
A terceira edição da Tribo da Horta contou ainda com venda de hambúrgueres artesanais, snacks de fruta e alimentos saudáveis sem açúcares refinados.

Gisela Laureano e Irina Póvoa deixaram as suas profissões por um dia para ensinar arte e ciência as crianças
Joana Silva participou na Tribo da Horta com o Mateus de apenas sete meses

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