O comandante pacificador

Duarte da Graça é comandante territorial no distrito de Santarém. Uma entrevista onde fala das suas principais preocupações, do seu percurso pessoal e da GNR.
A sua formação católica tem influência na forma como comanda a GNR no distrito de Santarém? Quando tomo decisões é a pensar na segurança das pessoas. Mas a minha educação católica ajuda-me de várias formas. Por exemplo, facilita a abordagem de alguns assuntos com algumas entidades como o Santuário de Fátima. Para resolver alguns assuntos não ajuda tanto como desejava. O dia-a-dia obriga-nos a andar sempre para diante e às vezes não há toda a calma e ponderação que são necessárias. Uma coisa que faço todos os dias é ver os pecados, o que correu bem e mal, uma reflexão ao fim do dia, e continuo a rezar.
Como é que alguém que teve uma infância e juventude religiosa vai seguir uma carreira numa entidade que é mais conotada pelas pessoas com a força, a repressão? A área militar surge na minha vida precisamente na igreja, por causa do padre da paróquia de Riachos, que era simultaneamente capelão nas forças armadas. Ele dizia que com o meu feitio e forma de ser, de gostar das coisas organizadas, bem definidas, dava um bom militar. Foi ele que me incentivou a ir para a Academia Militar, onde entrei depois de ingressar no Exército e de ter feito o curso de paraquedista.
Podia ter ficado numa carreira militar provavelmente mais resguardada do que ter de contactar com o público, normalmente por más situações… Quando fui para a academia entrei para o Exército e para a GNR e no primeiro dia tomo a opção pela Guarda. Sempre pretendi dar o meu melhor em prol da sociedade. Talvez esse seja o meu sonho de criança. Entendi que o conseguiria fazer melhor através da Guarda, se bem que o Exército e as forças armadas têm um papel relevante, insubstituível e importantíssimo na estabilidade. Às vezes as pessoas não dão importância aos militares porque estão habituados a ter tudo, ou quase tudo, a viver numa sociedade em que damos tudo como adquirido, mas a verdade é que os últimos tempos têm mostrado que não é assim.