Moradores dos Casais Novos acusam GNR de inércia perante a passagem ilegal de camiões

Veículos pesados continuam a circular nos Casais Novos, em Alenquer, apesar da proibição decretada pelo tribunal. Os moradores estão indignados e já ocorreram confrontos na via pública com os camionistas. Os residentes exigem a actuação da GNR.
Os camionistas continuam a passar nos Casais Novos, na Avenida da Juventude, contrariando a sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa, que deu razão à providência cautelar interposta pelos moradores da povoação. Tal como O MIRANTE noticiou, o tribunal proibiu a circulação de veículos pesados na localidade de Casal Machado, Rua do Batalheiro; na localidade de Casais Novos, Avenida da Juventude; e na localidade da Passinha, continuação da Avenida da Juventude, prevendo a interdição da passagem de veículos pesados no período nocturno e fixando o respectivo regime de fiscalização.
No entanto, os pesados continuam a circular, apesar da decisão do tribunal e da sinalização colocada pela Câmara de Alenquer no dia 23 de Maio, que interdita a circulação no período nocturno entre as 20h00 e as 7h00. Os residentes queixam-se da inacção da GNR e afirmam que as autoridades não identificam os condutores. Na noite de 26 de Maio, os ânimos exaltaram-se, com os moradores na rua a reclamar junto dos condutores de pesados. Um dos moradores acabou por ser agredido por um camionista, e a GNR tomou conta da ocorrência.
Uriel Oliveira, residente nos Casais Novos, apresentou queixa no posto da GNR, indicando as matrículas dos camiões que infringiram a sentença. Os moradores fizeram ainda uma participação dirigida ao Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana. O MIRANTE solicitou esclarecimentos à GNR mas até à data de fecho desta edição não obteve resposta. Reiterou igualmente o pedido de esclarecimento à empresa Santos e Vale, também sem sucesso.
Videovigilância poderá ser solução
O vereador com o pelouro da Mobilidade da Câmara de Alenquer, Tiago Pedro, disse a O MIRANTE que o executivo está do lado dos moradores. A autarquia vai pedir autorização ao tribunal para colocar duas câmaras de trânsito, com o objectivo de controlar de forma mais rigorosa a passagem de camiões. “Houve altercações, mas é uma questão de ordem pública e a GNR tem de tomar conta da ocorrência. O agente fiscalizador deve fazer cumprir a lei. A Santos e Vale teve acesso à sentença e sabia que tínhamos de fazer cumprir o que o tribunal decretou”, explicou. O presidente do município, Pedro Folgado, disse ao nosso jornal que já falou com o comandante do destacamento da GNR, que garantiu que as autoridades passam multas aos camionistas que infringirem a lei.
Recorde-se que a solução passa pela construção de uma via alternativa, que vai ocupar parte dos terrenos da Quinta da Telhada. A escritura de aquisição dos terrenos já foi assinada e a Câmara de Alenquer está a desenvolver o projecto. “Estou convencido de que até à apresentação do projecto de execução não vai demorar muito mais tempo, para depois passar à fase de contratação da obra. Para já, vou falar com os serviços para delimitar o terreno e colocar vedações”, disse o presidente da câmara.
Santos e Vale recorreu da sentença
A Santos e Vale Imobiliária, S.A. recorreu da sentença para o Tribunal Administrativo do Sul. Segundo o documento a que O MIRANTE teve acesso, a empresa alega que o tribunal não se podia ter limitado a considerar que o direito ao descanso dos requerentes (moradores) prevalece sobre o direito à iniciativa económica privada.
“(…) A consequente proibição ou restrição ao trânsito das viaturas pesadas terá nefastas consequências do ponto de vista da operabilidade do centro de logística, o que, por sua vez, acarretará graves prejuízos económicos e financeiros à empresa, causando perdas de postos de trabalho”, pode ler-se.