Sociedade | 13-06-2025 10:00

Um comunista que continua a acreditar nos amanhãs que cantam

Um comunista que continua a acreditar nos amanhãs que cantam
José Rui Raposo, militante comunista e candidato da CDU à Câmara de Santarém, quer devolver representação ao partido no executivo municipal - foto O MIRANTE

José Rui Raposo é dirigente associativo, sindicalista, militante comunista e vai tentar que a CDU volte a ter assento no executivo da Câmara de Santarém. Uma conversa sobre o concelho, política e a indisfarçável decadência eleitoral da CDU.

José Rui Raposo nasceu numa maternidade que já não existe, em Arroios, Lisboa, em 1 de Maio de 1958, mas sempre viveu em Santarém, onde o pai foi relojoeiro durante muitos anos. O progenitor ainda lhe ensinou a arte, mas o jovem não seguiu o ofício, embora tenha aprendido alguns detalhes de uma actividade que exige grande minúcia e precisão de mãos. Começou a trabalhar depois de ter concluído o sétimo ano do liceu, em Santarém, tendo feito vida profissional como funcionário do movimento sindical da função pública, primeiro na cidade ribatejana e depois em Lisboa, como adjunto da direcção da Federação de Sindicatos da Função Pública. Já reformado, mantém colaboração com essa estrutura sindical, que, quando questionado, refuta ser uma extensão do PCP. “Uma coisa é um partido político, outra é uma estrutura sindical”, vinca, para separar as águas. Pelo meio, como trabalhador-estudante, licenciou-se em Ciência Política e da Administração.
Recentemente foi eleito presidente da Federação das Associações de Reformados e Pensionistas do Ribatejo, organização que se encontrava inactiva e a que pretende dar nova dinâmica. Tem sido também nos últimos anos o porta-voz da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Santarém e integra a Direcção Nacional do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos. Está ainda ligado à Associação das Comemorações do 25 de Abril em Santarém e ao Núcleo de Santarém da Associação José Afonso.
O ‘bichinho’ da política foi induzido pelo pai, Rui Raposo, militante anti-fascista e opositor do regime de Salazar. José Rui Raposo filiou-se no Partido Comunista Português após a revolução. É dirigente concelhio e distrital do PCP e, em representação da CDU, coligação liderada pelos comunistas, foi vereador na Câmara de Santarém no mandato de 2002 a 2005. Nesse contexto, foi também membro do conselho de administração da antiga empresa municipal Scalabisport entre 2004 e 2006. É divorciado e tem um filho.

Olha para Santarém hoje e gosta do que vê? Gosto da cidade. O ponto forte é o património, daí Santarém ser classificada como Capital do Gótico.
Tem sido bem potenciada essa mais-valia? Acho que não. É preciso fazer muito mais, olhar para os exemplos de outras cidades - que não Lisboa, porque aí é um exagero -, como Guimarães ou Braga que souberam potenciar o seu território do ponto de vista do turismo histórico, do turismo religioso. Precisamos de fazer essa ligação. Tivemos uma conversa com o senhor bispo de Santarém onde falámos disso…
A CDU já pede a bênção à Igreja Católica? Não é pedir a bênção, entendemos que é muito pertinente haver esta troca de informações e de pontos de vista, que não é inédita. Estou a recordar--me que quando era vereador da câmara municipal tivemos uma audiência com responsáveis da diocese à época. Voltando ao património, o episcopado de Santarém potenciou muito bem o museu diocesano. Mas devia haver um percurso definido e divulgado para oferecer aos turistas que visitam Santarém. Senão vão apenas ao Milagre, que é o grande destino, e depois vão-se embora.
Como é que uma cidade com tanto património, com uma história riquíssima, que inclusivamente teve uma candidatura a Património Mundial, não tem um museu da cidade? Faço a mesma pergunta. É inadmissível e essa é uma das nossas propostas. Até porque não temos falta de espaços.

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