Paixão por bicicletas antigas une comunidade e gerações na Moita do Norte

Na Moita do Norte, na Barquinha, o passado voltou a rolar sobre duas rodas. Entre cestos floridos, buzinas e memórias de infância, o XI Passeio de Bicicletas Antigas encheu as ruas de vida e reuniu ciclistas de todas as idades numa celebração da paixão pelas bicicletas.
Quem passou pela Moita do Norte no domingo soalheiro de 25 Maio sentiu o fervor de outros tempos, com bicicletas antigas, cuidadas ao pormenor, a atravessarem as ruas da vila, a propósito do XI Passeio de Bicicletas Antigas. O passeio juntou ciclistas de todas as idades numa viagem descontraída sobre duas rodas, antecipando a celebração do Dia Mundial da Bicicleta, a 3 de Junho.
Com bicicletas de todos os tipos e tamanhos e uma sinfonia de buzinas variadas, Fernando Gomes, de 57 anos, participou pela primeira vez no evento após ter adquirido uma bicicleta antiga, há cerca de um mês, aproveitando o passeio para reviver a paixão antiga, que cultiva desde criança. Natural do Entroncamento, Fernando Gomes lembra-se até hoje dos dias em que ia a pedalar até à Golegã em trabalho, quando tinha 19 anos, e afirma que as bicicletas modernas não se comparam às antigas. Para o participante, as bicicletas antigas têm uma alma própria que as modernas não conseguem replicar, destacando a qualidade e conforto que os modelos de antigamente oferecem, como os assentos mais largos e macios e os detalhes práticos, como os cestos para transportar objectos. “Antigamente tinham uma percepção melhor de como fazer as coisas, pois na altura andavam muito mais tempo de bicicleta que nós hoje em dia, então tinham que fazer as bicicletas o mais confortável possível,” explica. Apesar de actualmente usar mais a mota ou o carro, Fernando vê na bicicleta uma forma de liberdade e convívio que não quer perder e até já pensa em passar essa paixão para os netos.
Com igual paixão pelas bicicletas, Rita Esperança, de 26 anos, mostra a sua “relíquia” que foi moldada com carinho para parecer saída de um filme dos anos 60. “Tecnicamente é um modelo moderno, mas há 10 anos eu e o meu pai adaptámos a bicicleta para parecer mais antiga, porque acho as antigas mais bonitas e completas. As novas são mais rápidas, mais técnicas, mas não têm aquele brilho”, destaca. Apesar de um ano afastada das pedaladas por causa de uma queda, o passeio foi o pretexto ideal para voltar a pedalar e a dar uso à bicicleta que é sempre elogiada por onde passa.
Entre os participantes, há também quem pedale há mais de seis décadas, como António Curado, de 77 anos. Natural de Vila Nova da Barquinha, começou a pedalar aos 13 e nunca mais parou. Ao longo dos anos tem guardado várias bicicletas de várias épocas e tamanhos, e através do passeio organizado pela colectividade Cir Ex-Tuna, aproveitou a oportunidade para juntar duas paixões: o gosto pelas bicicletas e o carinho por uma colectividade onde cresceu. “Aprendi nesta associação música, fiz teatro, fui a muitos bailes e até tenho fotografias da construção da sede, então sempre que há eventos venho, especialmente um que dá destaque a algo que eu já gosto, como as bicicletas!”, afirma a O MIRANTE com um sorriso.
