Sociedade | 17-06-2025 07:00

Intervenção no Mouchão Parque em Tomar suscita polémica e leva município a dar esclarecimentos

Intervenção no Mouchão Parque em Tomar suscita polémica e leva município a dar esclarecimentos
Mouchão Parque vai ser alvo de uma intervenção de melhoria - Foto Município de Tomar

Câmara de Tomar está a intervir no Mouchão Parque com o objectivo de melhorar as condições dos visitantes e adequar o espaço ao crescimento das espécies arbóreas. Intervenção tem suscitado controvérsia, o que levou o município a explicar a obra ao detalhe.

O emblemático Mouchão Parque, em Tomar, prepara-se para ser alvo de grandes alterações. A Câmara de Tomar está a intervir, de forma planeada, no espaço verde junto ao Nabão, com o objectivo de melhorar as condições para os visitantes e adequá-lo ao crescimento das espécies arbóreas. A intervenção, já em curso, tem suscitado controvérsia em Tomar, o que levou o município a explicar a obra ao detalhe. A intervenção passa essencialmente pela colocação de um novo relvado, o calcetamento do pavimento do arruamento central e a montagem de um calheiro de pedra junto à histórica roda do Mouchão.
O município explica que, com as raízes dos plátanos a aflorar mais de 10 centímetros acima do nível do canteiro central, a manutenção do espaço foi-se tornando cada vez mais difícil de executar, dando a relva lugar a outras espécies, com especial predominância do trevo. “Já no âmbito do programa Polis a substituição deste relvado tinha sido equacionada, tendo sido proposto, à semelhança do que agora se vai materializar, o enchimento da placa central e a execução de um novo relvado”, pode ler-se em comunicado. A autarquia esclarece que, face à dificuldade em manter a relva na envolvente dos plátanos devido à densidade de raízes, vão ser criadas faixas com três metros de largura entre os arruamentos e a placa central, revestidas a carrasca de pinho, como medida de controlo de infestantes. O novo relvado vai, assim, ser executado através da aplicação de tapetes de relva em rolo, procurando permitir uma maior celeridade na sua fixação ao solo e consequente utilização.
Relativamente ao calcetamento do arruamento central do Mouchão, o município explica que a intervenção pretende melhorar o escoamento lateral das águas pluviais. “Considerando a dificuldade em manter um piso regular, sobretudo durante a época das chuvas, será efectuado o seu revestimento superficial com calçada grossa em calcário, dando continuidade e ligando o pavimento já existente na zona da ponte à frente da Estalagem de Santa Iria”, explica o município.
Finalmente, vai ser montado um troço de aproximadamente 30 metros de calheiro em pedra, recolhido durante as obras do Flecheiro, junto à roda do Mouchão. Com esta intervenção, o município pretende dar enfoque a um dos ex-líbris da cidade, dando a conhecer aos visitantes a componente funcional da roda. O calheiro em pedra vai receber a água do calheiro real da roda, transportando-a até ao que seria o seu destino final, as hortas ou pomares.

Associação de Arquitectos Paisagistas apela a suspensão das obras
Depois de terem surgido algumas críticas à intervenção, nomeadamente de partidos políticos da oposição, e de até ter sido criada uma petição online a apelar à preservação do parque do Mouchão, contando com perto de 200 assinaturas, também a Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas (APAP) veio posicionar-se contra as obras. Em comunicado a que O MIRANTE teve acesso, a APAP apela mesmo à suspensão imediata das obras no Mouchão. A entidade refere que não foram tornados públicos estudos ou pareceres técnicos, mencionando que também não se conhece a realização de um processo de consulta pública. “Tal omissão compromete não apenas a legalidade da intervenção, mas também a sua legitimidade perante os princípios da boa administração pública e da protecção da paisagem”, defendem.
A Associação dos Arquitectos Paisagistas realça ainda que o Parque do Mouchão representa um dos mais notáveis exemplos de integração entre vegetação, espaço público e memória colectiva urbana. “A sua transformação, sem a devida reflexão técnica e partilha pública, representa uma perda potencial irreversível na paisagem cultural de Tomar”, alertam. Finalmente, a APAP defende que a intervenção é “tecnicamente questionável, juridicamente frágil e ambientalmente arriscada”.

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