Sociedade | 23-06-2025 15:00

Estado não paga há meio ano os vencimentos dos médicos do Bata Branca em Azambuja

Estado não paga há meio ano os vencimentos dos médicos do Bata Branca em Azambuja
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
José Manuel Franco - foto arquivo O MIRANTE

Administração Central de Saúde não paga desde Janeiro à Cerci Flor da Vida, a sua comparticipação no programa Bata Branca. Presidente da direcção diz que a instituição já suportou encargos superiores a 40 mil euros para que os médicos se mantenha no projecto que assegura mais de 90% das consultas de medicina geral e familiar aos utentes de Azambuja.

A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) não está a cumprir o protocolo estabelecido com a Cerci Flor da Vida no âmbito do projecto Bata Branca, devendo mais de 40 mil euros à instituição que tem continuado a pagar a tempo e horas aos 16 médicos que asseguram, por escalas, as consultas aos utentes do concelho de Azambuja.
A situação está a pesar nas contas da instituição que presta apoio a pessoas com deficiência e que implementou, em Junho de 2023, o projecto Bata Branca naquele concelho, onde mais de 90% da população não tem médico de família. “Temos o acordo assinado mas os seus efeitos ainda não chegaram”, diz a O MIRANTE o presidente da direcção da Cerci, José Manuel Franco, sublinhando que, apesar de a ACSS não cumprir a sua parte do acordo, ao dia 10 de cada mês a instituição paga aos médicos para que não abandonem o projecto que só no ano passado garantiu mais de 11.500 consultas de medicina geral.
Conforme refere o dirigente, apesar de não ter competências nessa área, a instituição é que “tem tido a responsabilidade total” em assegurar o pagamento aos profissionais de saúde. Os médicos envolvidos no projecto recebem 40 euros por hora, dos quais 27 deveriam ser suportados pela ACSS e o restante valor pela Câmara de Azambuja que, neste caso, sublinha José Manuel Franco, tem cumprido com o pagamento.
“Perante os interesses das pessoas vamos continuando nesta luta que já tem dois anos”, diz, considerando que o projecto Bata Branca “deveria ter sido uma solução transitória” e que “as entidades competentes deveriam ter juntado esforços e vontades para encontrar uma solução definitiva”. Recentemente, devido a um atraso na assinatura do protocolo, não houve, durante dois dias, consultas através do Bata Branca por decisão da Cerci e numa tentativa de pressionar a ACSS.
“Andamos nós a puxar por quem deveria puxar por nós. Estamos cansados”, lamenta o presidente da instituição que neste momento tem em curso duas grandes obras, apoiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência: o Complexo Social e de Saúde, no concelho de Azambuja, e 11 apartamentos de Habitação Colaborativa e Comunitária, no Cartaxo.

Concelho de Azambuja só tem um médico de família
José Manuel Franco alerta ainda para o facto de o valor/hora acordado não tenha sido, em dois anos, actualizado, o que faz com que seja mais difícil atrair médicos para o projecto e garantir que são cumpridas as escalas necessárias para que os utentes não fiquem sem acesso aos cuidados primários de saúde no concelho. Segundo o dirigente, o projecto assegura mais de 90% das consultas realizadas por teleconsulta e nas unidades de saúde do concelho, onde há apenas um médico de família. O MIRANTE questionou a ACSS acerca desta questão e da dívida à Cerci mas não obtivemos resposta até à data de fecho desta edição.
Esta não é a primeira vez que a instituição tem de suportar encargos financeiros que não são da sua responsabilidade. Em Fevereiro de 2024, recorde-se, a Cerci ponderou deixar cair o projecto devido ao atraso na assinatura do protocolo que implicou a não transferência da verba destinada ao pagamento dos vencimentos dos profissionais de saúde por parte da Câmara de Azambuja. Na altura estavam afectos ao Bata Branca 10 médicos e uma enfermeira e havia verbas referentes a 2023 e a Janeiro de 2024 que não tinham sido transferidas para a instituição.

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