Árvores problemáticas em Alverca voltam a dar dores de cabeça

Luta das duas centenas de moradores da Praça Cova do Bicho contra choupos que libertam sementes semelhantes a algodão, levou ao abate de cinco árvores em Janeiro de 2023 e à realização de podas mais severas. Só que agora, passados dois anos, o problema está de volta e os moradores estão indignados.
Com a chegada do calor voltou a tortura para as duas centenas de moradores da Praça da Cova do Bicho, em Alverca do Ribatejo, que começaram a ver nuvens de sementes dos choupos ali existentes – semelhantes a algodão – invadirem as ruas, carros e até habitações e lojas de comércio. O problema não é novo: ainda há dois anos O MIRANTE esteve no local a dar nota da situação, que gerou fortes queixas da comunidade e chegou mesmo a motivar um abaixo-assinado subscrito por 216 moradores pedindo a realização de podas mais agressivas por parte do município. Depois das queixas, cinco árvores foram abatidas por problemas fitossanitários e foram substituídas por outras que não provocam incómodos na salubridade urbana.
“O problema é que desde então não voltaram a fazer podas que eram precisas e nem a varrição e limpeza nas ruas é frequente o suficiente para impedir que este algodão se acumule por todo o lado, o que está a acontecer outra vez”, lamenta a O MIRANTE Joaquim Casimiro, morador da zona, que pede ajuda para que o problema seja resolvido ou minorado. Na praceta, praticamente nenhum prédio tem uma janela aberta por causa do pólen que flutua no ar e é levado pelo vento. A maioria das lojas também tem dificuldade em manter as portas abertas. Por se tratar de uma praceta fechada, os resíduos vão-se acumulando um pouco por toda a parte.
Em causa está a existência de meia dezena de choupos naquele largo que tem causado, antes do Verão, uma libertação de sementes em grande escala que causa incómodos. Os residentes garantem que não estão contra as árvores mas sim contra a forma como as podas têm sido feitas nos últimos anos pela Câmara de Vila Franca de Xira e que, lamentam, não abrangem as pernadas principais ou as copas onde se encontram as sementes.
As explicações da câmara
A O MIRANTE o município explica que as árvores da praça foram alvo de uma intervenção de manutenção arbórea profunda em 2023, “para redução e equilíbrio das copas” dadas as fragilidades que as mesmas possuíam em termos de fitossanidade. A intervenção efectuada deverá ser repetida, por forma a que os exemplares não possuam demasiado peso na copa. Mas para que as feridas provocadas pelos cortes feitos em 2023 possam ser recobertas e bem compartimentadas, essa intervenção não pode ser executada anualmente, explica.
Por isso, a câmara informa que a cadência da intervenção deve ocorrer de três em três anos, o período mínimo de recuperação das árvores, segundo a legislação em vigor. Garante o município que os choupos são monitorizados trimestralmente pelos técnicos da câmara e que a legislação em vigor não admite podas drásticas ou de rolagem. “As árvores desta espécie apresentam floração (algodão) entre Março e Junho, altura em que produzem e libertam o pólen, sendo os índices alérgicos desta espécie considerados baixos, segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica”, tranquiliza a câmara.