Sociedade | 30-06-2025 10:00

Família acusa Hospital de Santarém de negligência que levou à morte de idoso

Família acusa Hospital de Santarém de negligência que levou à morte de idoso
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Eugénia Roque diz que o marido foi vítima de uma enorme negligência médica no Hospital de Santarém - foto O MIRANTE

A família de um utente de 81 anos acusa o Hospital de Santarém de negligência médica depois deste se ter deslocado à urgência com uma veia entupida e ter tido alta com receita para as dores. Henri morreu dias depois vítima de AVC. Administração do hospital diz que foram feitos os exames adequados ao quadro clínico, mas vai abrir inquérito.

A família de Henri Van Hollebeke, utente que faleceu aos 81 anos vítima de acidente vascular cerebral (AVC) depois de se ter deslocado duas vezes ao serviço de urgência do Hospital de Santarém, acusa esta unidade de negligência e quer o apuramento de responsabilidades. A Unidade Local de Saúde (ULS) da Lezíria diz, por sua vez, que o caso foi “devidamente avaliado”, mas o conselho de administração (CA) determinou “uma análise interna detalhada de todo o processo assistencial, em conformidade com os procedimentos institucionais estabelecidos”.
O utente, conta a O MIRANTE a viúva Eugénia Roque, deu entrada no Hospital de Santarém a 13 de Maio depois de ter acordado com dores intensas num braço e de ter sido avaliado por um médico particular que constatou que “a mão e o braço estavam frios, indicando a obstrução de uma veia” e que o caso era grave. Mas duas horas depois de ter dado entrada no gabinete médico teve alta hospitalar, tendo-lhe sido prescrita medicação para as dores e requisições para exames. “O meu marido regressou a casa durante a noite, com uma carta da médica e requisições para exames, que só puderam ser marcados, no particular, apesar da urgência, para 22 de Maio”, relata a antiga artesã de Casével. Nessa mesma tarde, conta, encontrou o marido inanimado no chão. Foi transportado de ambulância novamente para o Hospital de Santarém e transferido, já de madrugada, para o Hospital de São José, em Lisboa.
À família foi explicado por esta unidade hospitalar que Henri tinha sofrido um AVC com muita gravidade. “Não falava, não se mexia, tinha o lado direito paralisado, não abria os olhos”, descreve a viúva. Henri Van Hellebeke faleceu a 2 de Junho, depois de Eugénia Roque e a filha o terem visitado uma última vez. “Já não era o meu marido, tinha uma respiração muito fraquinha... via-se que estava no fim”, lamenta com emoção e um sentimento de revolta à mistura. “O meu marido faleceu devido à enorme negligência com que foi tratado no Hospital de Santarém, com o diagnóstico de uma veia entupida, e perante esta gravidade, teve alta. Nada traz o meu marido de volta mas fica manifestada a minha enorme indignação pela forma como todo o processo foi tratado, especialmente porque houve uma grave negligência médica”, diz.
Em resposta a O MIRANTE, o CA da ULS Lezíria informa que “recebeu com a devida atenção a exposição apresentada pela família do utente”. Relativamente aos cuidados prestados, diz que “o caso foi devidamente avaliado pela equipa médica de serviço, tendo sido realizados os exames de diagnóstico considerados adequados face à situação clínica apresentada no momento do recurso ao Serviço de Urgência”. “A orientação clínica definida teve por base os resultados obtidos, a avaliação médica efectuada, a discussão entre pares e os protocolos clínicos em vigor na instituição”, sublinha a ULS acrescentando que “o seu compromisso com a qualidade e segurança dos cuidados de saúde prestados à população determinará a realização de uma análise interna detalhada de todo o processo”.

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