Jovem de Alverca é um talento da investigação e já sonha com a cura para Alzheimer e Parkinson

Juliana Canavilhas já desenvolveu, entre outros, um projecto no Instituto Superior Técnico focado no tratamento da osteoporose em astronautas. Aluna da Fundação CEBI de Alverca conseguiu ser aceite na prestigiada universidade americana Johns Hopkins, onde só entram 6% das candidaturas, e agora o céu é o limite.
Juliana Canavilhas, 18 anos, estudante da Fundação CEBI de Alverca, é um jovem talento que conseguiu ser das poucas portuguesas a entrar numa das mais prestigiadas universidades do mundo, a americana Johns Hopkins, em Baltimore. Só 6 por cento das candidaturas apresentadas são aceites e Juliana Canavilhas foi uma delas. Diz quem a conhece que é um talento promissor na área da ciência, inovação e transformação social. Os pais são de Vila Franca de Xira, mas Juliana nasceu na Madeira, onde os pais trabalhavam na altura. “O meu pai é engenheiro civil e depois da Madeira fomos morar para a Líbia, mas tivemos de sair quando rebentou a guerra civil em 2011. Decidimos vir para Alverca nessa altura”, recorda a O MIRANTE. Diz, sem hesitar, que se sente alverquense de alma e coração.
Desde o 8º ano que a estudante passa grande parte das férias imersa em investigação científica, dedicando-se ao estudo do cérebro e das suas patologias. Apesar da idade, já participou num curso intensivo de neurociência e tecnologia na Fundação Champalimaud, aprofundou conhecimentos em medicina e prática clínica na Universidade de Coimbra e integrou um programa na Faculdade de Ciências de Lisboa, onde investigou os mecanismos da epilepsia.
Foi também seleccionada para trabalhar num laboratório de neurociência em Coimbra explorando novas abordagens para o tratamento da doença de Alzheimer. E com pouco mais de 17 anos desenvolveu um projecto pessoal no Instituto Superior Técnico que se foca no tratamento da osteoporose em astronautas, em que trabalhou com alunos de doutoramento. A sua candidatura à Johns Hopkins contou com seis cartas de recomendação, incluindo a de uma professora catedrática do Instituto Superior Técnico.
“Sempre gostei muito de ciências, biologia, matemática, e quando gostamos do que estudamos é muito mais fácil dedicarmo-nos a tudo isto. Estudar para mim nunca foi um problema. Sempre quis ir para medicina e comecei a gostar no oitavo ano quando dava biologia”, conta. No Colégio José Álvaro Vidal, a história de Juliana Canavilhas começou cedo. Aos 4 anos, no pré-escolar, já revelava uma curiosidade imensa pelo mundo.
O sonho da cura para o Alzheimer
Com uma média de 19,33 na área de ciências e tecnologias, Juliana sempre foi uma aluna dedicada e empenhada em aprender para transformar. “É preciso muito esforço e dedicação para ter estas notas e uma grande logística de tempo. Saber gerir bem o tempo é o principal, não é só a escola, é preciso ocupar tempo com a escola mas também desenvolver outras actividades dentro da área de conhecimento que gostamos”, diz a jovem, que garante ter as mesmas paixões e passatempos que outros jovens da sua idade.
A entrada em Johns Hopkins é o maior desafio da sua vida e o sonho é tornar-se neurocirurgiã, mas sem nunca abandonar a investigação. Pretende concluir um doutoramento que lhe permita continuar a investigar. “A área da medicina regenerativa é uma área pela qual tenho grande interesse. Tenho uma grande paixão pela área do cérebro e gostava de continuar ligada à área da investigação”, conta. Na Johns Hopkins, Juliana pretende aprofundar o estudo de distúrbios neurodegenerativos, como Alzheimer e Parkinson, aliando a neurocirurgia aos avanços em saúde mental. Admite que o sonho passa por investigar e desenvolver tratamentos inovadores com impacto global.
Uma das coisas de que não gosta é que lhe chamem menina prodígio. “Tudo o que alcancei agora foi com a ajuda da minha família e das pessoas que me rodeiam. Temos de estudar, ter curiosidade. É no 9º ano que escolhes o que queres fazer no teu futuro e Johns Hopkins sempre foi uma das minhas inspirações em medicina e neurocirurgia. Tento pensar sempre na minha vida futura, ter uma mentalidade dinâmica, porque nós não somos como árvores. Temos de ter uma mentalidade aberta e não ter medo de abraçar desafios. Acreditar que conseguimos e lutarmos pelos nossos sonhos, nunca desistir e dar o nosso melhor”, refere.
A estudante diz a O MIRANTE que nunca se limitou a ir às aulas e que sempre se focou também nas actividades extracurriculares e no trabalho de voluntariado, onde foi mentora de alunos do 5º ano e crianças do pré-escolar em projectos como o “LearnSpot4All”, um programa fundado pela própria onde dá explicações online gratuitas a alunos de vários países africanos. Nos Estados Unidos vai viver no dormitório da faculdade e nos primeiros tempos a mãe vai com ela para a ajudar na adaptação. “Sei que não está a ser fácil para os meus pais e só agradeço conseguirem dar-me este apoio para poder estudar lá fora”, conclui.