Integração de imigrantes é um desafio que precisa de boas estratégias

Santarém debateu acolhimento e saúde mental dos imigrantes em seminário nacional. Iniciativa decorreu na Estação Zootécnica Nacional, no Vale de Santarém, onde foram discutidas estratégias e desafios.
A Estação Zootécnica Nacional, no Vale de Santarém, acolheu no dia 26 de Junho o seminário “Desafios da Intervenção Social no Acolhimento e Integração da População Migrante e de Asilo”, promovido pelo Centro Distrital de Santarém do Instituto da Segurança Social. O encontro reuniu técnicos de diversas entidades para debater estratégias e modelos de integração, assim como os principais desafios e problemas.
A sessão de abertura contou com a presença de João Teixeira Leite, presidente da Câmara Municipal de Santarém. O destaque do seminário foi o fórum da tarde, centrado na saúde mental dos imigrantes e medidas de acolhimento. O fórum abriu com Marta Borges, directora do Núcleo de Emergência Social do ISS, a alertar que a bagagem mais pesada que os imigrantes trazem consigo é o trauma, classificando-o como uma “nódoa negra na alma”. Já Pedro Marques, presidente do conselho da administração da ULS da Lezíria, alertou que muitas estruturas públicas não estão preparadas para o aumento do número de imigrantes, dando como exemplo a falta de acompanhamento pré-natal de muitas mulheres. Como respostas a este fenómeno, o dirigente destacou projectos da ULS, como a iniciativa “Reinserir” e o novo hospital de dia de psiquiatria e pedopsiquiatria, cujas obras arrancam este mês. Clara Batista, enfermeira adjunta da ULS Médio Tejo, reforçou também que o sistema de saúde português continua com barreiras linguísticas e burocráticas, destacando os riscos acrescidos que os imigrantes enfrentam no acesso à saúde, muitas vezes devido à exploração laboral e ao medo de procurarem cuidados por falta de documentos.
O fórum contou também com a intervenção da socióloga Ana Almeida, da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã, que relatou a experiência da instituição, que desde 2016 acolhe imigrantes, criando habitação autónoma, redes de apoio e preparação para o emprego. A intervenção surpreendeu todos com o momento mais emotivo do evento, através do testemunho de Ali Danesh, imigrante afegão de 39 anos, acolhido juntamente com a esposa pela Misericórdia da Covilhã.
Texto desenvolvido na próxima edição impressa de O MIRANTE.