Centro Social do Sobralinho quer concluir licenciamento das instalações até 2027

Centro Social para o Desenvolvimento do Sobralinho espera concluir o processo de licenciamento das instalações ainda durante o actual mandato da direcção. A instituição tem a cargo 600 crianças e emprega 120 trabalhadores. Modernização, rigor financeiro e respostas sociais são prioridades da actual gestão.
A direcção do Centro Social para o Desenvolvimento do Sobralinho (CSPDS) tem expectativa de ter as suas instalações licenciadas antes de terminar o mandato, em 2027. A instituição tem autorização de funcionamento por parte da Segurança Social, mas não tem licenciamento da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira por causa das obras que precisam de ser feitas. O CSPDS nasceu em 1970 pela mão dos moradores do Sobralinho, mas as respostas na área da infância arrancaram em 1975, primeiro num barracão e, depois, a instituição alargou-se para os pavilhões. O edificado tem problemas ao nível dos esgotos, no entanto já foram feitos melhoramentos como a alteração de casas de banho para crianças e funcionários. O pedido para reabertura do processo de licenciamento já foi pedido à autarquia uma vez que a instituição tem feito investimentos na rede de esgotos. A direcção explica ainda que investe perto de 100 mil euros por ano, nomeadamente em novo mobiliário, cadeiras, mesas, bancadas, armários das salas, brinquedos, jogos e material pedagógico. Foram ainda adquiridas novas viaturas e para o ano a intenção é substituir os telhados por outros mais eficientes.
Investimentos são feitos sem recurso a crédito
O orçamento anual do CSPDS é superior ao da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho e ronda os três milhões de euros. Armando Sousa, tesoureiro, sublinha a situação financeira confortável da instituição, sem recurso a empréstimos bancários. Os dois empréstimos actuais foram contraídos pela anterior direcção e acabam de ser pagos em 2026. “Não cortámos nas despesas que haviam, mas arranjámos fontes de financiamento alternativo com uma grande aposta no catering. A Escola Soeiro Pereira Gomes tinha uma média entre 50 a 60 alunos a comer no refeitório diariamente e agora tem 300”, conta a O MIRANTE.
O tesoureiro dá ainda como exemplo de uma gestão eficaz a troca de viaturas antigas. A nova carrinha de nove lugares vai substituir a anterior que todos os meses ia para a oficina com despesas entre 600 a 800 euros. Outro exemplo foi a compra de duas novas panelas de cozinha para confeccionar mais de mil refeições por dia e que vieram substituir as anteriores que já tinham 14 anos, com avultados gastos em peças e manutenção. A máquina de secar roupa também é nova o que poupa tempo na gestão diária.
A IPSS aproveitou a altura da pandemia para informatizar os processos. As entradas e saídas das crianças passou do papel para a aplicação Child’s Diary e os recibos de pagamento deixaram de ser impressos em papel para passar a ser enviados automaticamente todos os meses por e-mail. Além disso existe uma parceria com uma instituição de pagamento especializada no on-line que gere automaticamente as referências multibanco.
Disciplina marca gestão do Centro Social
Manuel Coelho é presidente do CSPDS há sete anos e é remunerado, tal como o tesoureiro. O militar da GNR, actualmente na reserva, já fez parte da direcção anterior presidida por Luís Coelho. Os dois dirigentes são quase sempre os últimos a sair das instalações e estão onde for preciso para dar respostas na hora. “Como militar temos ordem e disciplina. Por muito que nos custe executamos e tomamos decisões, mesmo que não vão de encontro ao que as pessoas querem. Fomos habituados a cumprir com determinadas normas e no fundo é o que se tenta aplicar nestas instituições. Aqui são necessárias decisões no momento”, relata o presidente da direcção.
O CSPDS é um dos maiores empregadores do Sobralinho, tem 120 funcionários e quase três mil sócios. Presta serviço na área da infância, com três salas de berçário, cinco salas para crianças de um ano e cinco salas para crianças de dois anos. Tem a funcionar seis salas de ensino pré-escolar, CATL (Centro de Actividades de Tempos Livres) e centro de jovens na Escola Básica E.B 2,3 Soeiro Pereira Gomes, onde os alunos têm apoio ao estudo. São ainda prestados serviços no âmbito da Componente de Apoio à Família e Actividades de Enriquecimento Curricular. São mais de 600 crianças todos os dias para dar resposta. A instituição colabora com a câmara no transporte escolar e diariamente vai buscar e levar as crianças que vivem mais longe das escolas, nomeadamente Calhandriz e À-dos-Loucos. Existe ainda um protocolo com o município para o fornecimento de refeições escolares e actualmente são feitas na instituição cerca de 900.
O desafio de gerir equipas
A IPSS tem cinco pessoas a trabalhar na equipa de apoio domiciliário que prestam apoio a cerca de 40 utentes, ao abrigo do acordo com a Segurança Social. A cantina social deixou de funcionar e actualmente só apenas duas pessoas do Sobralinho comem na instituição porque estão a viver em condições precárias. A IPSS continua a participar na recolha de alimentos do Banco Alimentar, mas deixou de fazer distribuição. Como a segurança é uma preocupação, as instalações têm um sistema de videovigilância certificado, para controlar pessoas e bens, sobretudo as crianças que saem e entram na instituição. As dívidas dos pais desceram substancialmente porque a actual direcção implementou a política de que ao primeiro mês de atraso no pagamento da mensalidade é emitido um aviso e no segundo mês a criança já não pode entrar no recinto escolar.
Outro dos objectivos é conseguir fixar uma psicóloga, através do protocolo de estágios com uma universidade, uma vez que a anterior saiu. No dia-a-dia, Manuel Coelho dá nota de que uma das maiores dificuldades é gerir o pessoal. “As pessoas, por vezes, têm menos paciência e estão a ficar mais velhas. Depois, é querermos fazer algo e sabermos que temos de olhar para o orçamento. Mas a nossa política é não recorrer ao crédito”, vinca o presidente.