Sociedade | 07-07-2025

É fundamental ter a vacinação em dia para que não voltem os males do passado

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É fundamental ter a vacinação em dia para que não voltem os males do passado

Unidade de Saúde Familiar Marquesa da Alorna, em Almeirim, pôs em marcha uma iniciativa para incentivar os utentes a porem as vacinas em dia. Porque, apesar de a taxa de vacinação ser boa, ainda há quem tenha o boletim desactualizado. Na população migrante a dificuldade está na convocatória e no desconhecimento do Plano Nacional de Vacinação.

Na Unidade de Saúde Familiar (USF) Marquesa da Alorna, inaugurada em Março de 2025 em Almeirim, 76,5% dos utentes com 25 ou mais anos têm a vacina contra o tétano em dia e 88,8% dos utentes até aos 14 anos têm o esquema vacinal cumprido. “Um dado encorajador, embora o objectivo seja atingir valores acima dos 95%, em linha com as metas nacionais”, afirma a Coordenadora desta USF e médica de Medicina Geral e Familiar, Sara Tainha. É por isso que no mês de Junho a equipa pôs em marcha a iniciativa “Mês aberto da vacinação”, para alertar para a importância da vacinação e incentivar a actualização do boletim de vacinas.
Uma medida focada na promoção da saúde pública que permitiu aos utentes desta unidade serem vacinados de segunda a quinta-feira entre as 16h00 e as 18h00. Para o sucesso da mesma e seguindo um trabalho que é diário, a equipa de enfermagem cumpre à risca a missão de verificar no sistema o boletim de vacinas de cada utente que ali se dirige, independentemente do motivo. Até mesmo os que ali entram na qualidade de acompanhantes. Foi o que aconteceu a Bruno Amaral que acompanhava a esposa a uma consulta de rotina de MGF e acabou por ser vacinado contra o tétano. “Tinha a vacina em atraso desde Janeiro e não sabia”, explica a O MIRANTE a enfermeira Maria João Gabriel enquanto se prepara para administrar a vacina no braço do utente.
“Estamos sempre alerta. De véspera costumamos ver se há vacinas em atraso e alertamos o médico no caso de haver. Geralmente toda a gente aceita, até este senhor que foi apanhado tão de surpresa”, atira. Um comportamento que acompanha a tendência dos portugueses. Tal como explica a coordenadora desta USF da Unidade Local de Saúde da Lezíria, “em geral, os portugueses são bastante receptivos à vacinação”, sendo disso exemplo a campanha de vacinação contra a Covid-19, que teve uma taxa de cobertura que ultrapassou os 90% da população elegível. Também no que toca a crianças, Portugal é referência internacional com 98% a 99% dos utentes vacinados no primeiro ano de vida, segundo o relatório anual 2024 do Programa Nacional de Vacinação divulgado a 25 de Junho, a propósito do Dia Mundial da Imunização.
Apesar do balanço ser positivo, Sara Tainha diz ainda ser “necessário continuar a combater a desinformação e esclarecer dúvidas”. A vacinação, acrescenta, “é uma das ferramentas mais eficazes da medicina preventiva”, protegendo “contra doenças potencialmente graves, algumas delas erradicadas ou sob controlo graças à vacinação”. É o caso do sarampo, “considerado eliminado em Portugal pela OMS [Organização Mundial de Saúde] em 2015, com cobertura vacinal superior a 95%, mas que não está livre de voltar em forma de surtos por importação de casos de países com baixas taxas de vacinação, como aconteceu em 2017 e 2018”.
O Plano Nacional de Vacinação (PNV) tem sofrido actualizações ao longo dos anos desde que foi implementado em 1965, numa altura em que a poliomielite era uma sentença de morte em Portugal. Uma das mais recentes foi a introdução da imunização de bebés contra o vírus sincicial respiratório (VCR), disponível de forma gratuita desde Outubro de 2024, e que segundo Sara Tainha está a ter boa taxa de adesão. Até porque, no que toca a bebés, os pais estão cada vez mais conscientes e receptivos à vacinação, inclusive àquela que não é abrangida pelo PNV.
Na sala de espera, Vera Rosário aguarda que chamem o seu filho mais novo, Afonso Filipe, de dois meses, para a consulta de rotina. No final, já sabe, vai ter de o ver ser vacinado e, muito provavelmente, de o ouvir chorar. “Faz parte, é para o bem deles”, atira. Além das vacinas do PNV, o pequeno Afonso, tal como a sua irmã, vai levar todas as outras vacinas recomendadas- como a que protege contra o Rotavírus, responsável por formas graves de gastroenterite em bebés e crianças pequenas- e cujos custos terão de ser suportados pelos seus pais. Uma despesa que compensa, diz Vera Rosário, recordando que a filha, imunizada, levou da escola para casa um dos vírus da meningite, causando a doença ao seu pai que não estava imunizado.
“O nosso PNV tem sido uma referência a nível internacional pela sua eficácia e abrangência. No entanto, acredito que há ainda espaço para alargamento, sobretudo tendo em conta o avanço nesta área e o perfil de saúde da nossa população”, defende Sara Tainha que costuma recomendar vacinas extra-plano, por exemplo, as vacinas antipneumocócicas, que previnem infecções como a pneumonia, a grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças crónicas.

Migrantes trouxeram novos desafios

A coordenadora da USF Marquesa da Alorna, Sara Tainha, considera, com base na experiência naquela unidade, que “os migrantes trouxeram novos desafios à vacinação”. Embora a adesão seja boa sempre que há contacto com os serviços de saúde, “há dificuldades na convocatória” por serem “pessoas que circulam frequentemente, mudam de morada e muitas vezes não têm contactos actualizados e é difícil chegar até eles” Acresce que “alguns migrantes desconhecem o Programa Nacional de Vacinação (PNV) português, ou têm planos diferentes nos seus países de origem e por isso por vezes desconhecem que têm alguma vacina em falta.
Quando uma pessoa recusa uma vacina do PNV, o que é raro mas por vezes acontece, “é-lhe explicado o benefício da vacinação e os riscos da não imunização”, explica, acrescentando que “caso mantenha a recusa, esta é registada através do preenchimento de um termo de responsabilidade, que é arquivado na unidade de saúde”.

Vacina treina sistema imunitário para responder a infecção

Embora não garanta protecção absoluta, a toma de uma vacina “reduz de forma significativa o risco de infecção e, sobretudo, de formas graves da doença”, afirma a profissional de MGF, explicando que uma vacina estimula o sistema imunitário a desenvolver defesas, como anticorpos e células de memória, que reagem rapidamente em contacto com o agente patogénico”. Uma espécie de treino para o sistema imunitário que “cria uma resposta defensiva e memoriza o ‘invasor’, ficando preparado para uma futura exposição real”.

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