Imóvel ao abandono junto à estação de Santarém vai dar lugar a habitação e estacionamento

Câmara de Santarém vai pagar 740 mil euros por um edifício degradado e terreno adjacente para ali criar habitações a preços acessíveis e bolsa de estacionamento para apoio à estão ferroviária da Ribeira de Santarém. O Chega está contra e PSD e PS disputam louros pela ideia.
A Câmara de Santarém vai comprar um edifício em ruínas e terreno adjacente junto à estação ferroviária da cidade, na Ribeira de Santarém, para ali criar estacionamento de apoio aos utentes do comboio e construção de habitação para arrendamento a preço acessível destinado a jovens. O valor do negócio é de 740 mil euros por uma área de sensivelmente dois hectares.
O contrato promessa de compra e venda para aquisição do imóvel já está assinado e a escritura deve ser formalizada em Janeiro de 2026, segundo afirmou o presidente do município, João Leite (PSD), na reunião do executivo de 7 de Julho. O autarca explicou que começou há seis meses a negociar soluções para fazer face à necessidade de espaços para estacionamento junto à estação, face ao aumento acentuado de utilizadores da ferrovia resultante da implementação do Passe Verde, em Janeiro último.
A opção acabou por recair por esse terreno, confinante com a Estrada da Estação, que vai proporcionar em breve uma bolsa de estacionamento para cerca de uma centena de viaturas. Mais tarde deverá duplicar a lotação. Na próxima reunião de câmara deverá ir a apreciação do executivo uma adenda ao contrato que salvaguarda a possibilidade do próximo executivo municipal decidir os moldes da aquisição, se em apenas em dinheiro ou parte na modalidade de permuta de imóveis.
Chega contra
A proposta não foi consensual no executivo, com a vereadora do Chega a votar contra e a deixar fortes críticas à decisão aprovada pelas bancadas do PSD e PS, criticando também o facto da documentação de suporte não fazer qualquer menção à criação de estacionamento no terreno. Manuela Estêvão frisou que o seu partido é inequivocamente a favor da construção de habitação a custos controlados, mas não naquele local. “Fazer habitação num sítio onde a densidade de circulação automóvel ultrapassa em muito os limites é no mínimo uma grande irresponsabilidade e até, diria, incompetência”, declarou.
A eleita do Chega defendeu que essa área devia ser destinada a estacionamento, “mas nunca com a aquisição de uns barracões por 740 mil euros, que depois de demolidos e limpos chegarão a mais de um milhão”. Criticou ainda a “falta de ética” de se avançar com este negócio em final de mandato, quando faltam três meses para as próximas eleições autárquicas.
João Leite rebateu os argumentos reiterando que a necessidade de estacionamento junto à estação agudizou-se a partir de Janeiro e que foi a partir daí que começaram a estudar soluções, lembrando que as negociações levaram seis meses e que o processo não foi conduzido em cima do joelho, como insinuou a vereadora do Chega. O presidente referiu ainda que o preço do imóvel fica abaixo do valor da avaliação e “bem abaixo” do que pedia a empresa proprietária.
PS de acordo e aproveita para fazer campanha
Por parte da bancada do PS, os vereadores Nuno Domingos e Manuel Afonso manifestaram a sua concordância com a decisão, afirmando a necessidade de se reforçar a capacidade de estacionamento junto à estação. Ressalvaram também a importância de deixar ao próximo executivo a possibilidade de decidir sobre a forma de pagamento do imóvel.
Quem não perdeu tempo a expressar a sua posição sobre o assunto foi o candidato do PS à presidência da Câmara de Santarém, e ainda presidente da Câmara de Almeirim. Pedro Ribeiro. “Ainda não sou presidente e já faço acontecer. Imaginem quando for presidente de Câmara de Santarém”, escreveu nas suas redes sociais na véspera da reunião de câmara onde foi aprovado o negócio, recordando que já em Fevereiro defendia a aquisição daquele imóvel para criar estacionamento junto à estação.