Comissão de Moradores do Carregado reclama sede e deixa apelos aos futuros autarcas

A Comissão de Moradores do Carregado voltou a exigir a cedência de um espaço próprio para reunir e guardar o seu arquivo. A falta de instalações próprias tem limitado a participação e visibilidade do grupo, que se mantém activo há quase cinco anos. Em ano de eleições autárquicas os moradores apelam aos futuros eleitos para que respondam às necessidades da freguesia.
A Comissão de Moradores do Carregado veio a público manifestar a necessidade urgente de dispor de um espaço próprio, onde possa reunir-se regularmente e guardar o seu arquivo. Apesar de existir há quase cinco anos, a comissão continua sem sede, o que obriga os moradores, sempre que desejam realizar uma reunião, a depender da eventual disponibilização de instalações por parte da Câmara Municipal de Alenquer ou da União de Freguesias do Carregado e Cadafais.
Na ausência de uma solução estável, as reuniões têm ocorrido, com frequência, em casas de residentes ou em garagens. As sessões que anteriormente se realizavam na antiga escola P3 tornar-se-ão agora inviáveis, dado que o edifício passou a acolher a Polícia Municipal de Alenquer. Os moradores reuniram-se simbolicamente em frente às instalações da Junta de Freguesia do Carregado, no dia 21 de Junho. Na ocasião, o presidente da comissão, João Silva, recordou que o grupo organizou-se inicialmente para impedir a instalação de contentores no Carregado, uma causa que, sublinha, foi bem-sucedida. A partir daí, a comissão foi formalmente constituída, eleita pelos próprios moradores, e mantém até hoje os livros de actas de todas as reuniões realizadas.
Quanto ao facto de a comissão não estar registada como associação formal, João Silva considera que tal não deve ser impeditivo da atribuição de um espaço, tendo em conta que a Constituição da República consagra o direito de todos os cidadãos se auto-organizarem. “Chegámos a questionar a junta sobre a possibilidade de utilizar uma sala nas actuais instalações da Loja Social. Agora, aproveitamos para alertar os futuros executivos da União de Freguesias e da Câmara de Alenquer que venham a ser eleitos nas próximas autárquicas, para que tenham esta necessidade em consideração”, concluiu.
Excesso de tráfego e falta de passeios
A Comissão de Moradores do Carregado não descarta a constituição formal como associação, mas já com uma sede onde possa exercer as suas actividades, diz Andreia Miguens, residente no Carregado há 25 anos. “Juntei-me a este grupo porque entendo que o Carregado necessita. Não estamos associados a qualquer tipo de partido e a população reconhece o nosso trabalho e só não somos mais porque não temos instalações para indicar e mais visibilidade”, lamenta.
Para a moradora, o problema mais grave do Carregado é o excesso de tráfego e a mobilidade. Não há passeios em muitas zonas e as pessoas não fazem uma caminhada segura, a juntar aos carros estacionados em cima dos passeios. Em Julho, a comissão vai promover uma discussão pública direccionada para a sua campanha “Pesados Fora do Carregado”, tendo em conta os milhares de camiões que atravessam diariamente a freguesia. “A Câmara de Alenquer tem preparado um plano estratégico para o Carregado, mas ainda estamos à espera que o venham apresentar publicamente, conforme prometido, até para podermos analisar o documento e apresentar ideias”, reitera João Silva.
Andreia Miguens defende ainda a necessidade de o Carregado ter um espaço cultural, construído de raiz, um equipamento inexistente e que faz falta. “No meu trabalho contacto com público e falo com muita gente. O que vejo é que a maioria não tem conhecimento sequer de que existe um pólo da Biblioteca Municipal de Alenquer no Carregado”, refere.