Orçamento Participativo de Abrantes só volta se houver verdadeira participação cívica

Na última Assembleia Municipal de Abrantes o deputado João Fernandes (PSD) acusou a câmara de ter abandonado o Orçamento Participativo. Presidente da câmara reforçou que o executivo está a trabalhar num novo formato, sem prazo definido.
O tema do Orçamento Participativo voltou a aquecer os ânimos na Assembleia Municipal de Abrantes, com o PSD a criticar o adiamento da sua reformulação e com o presidente da câmara, Manuel Valamatos, a reforçar que só avançará com um novo modelo que garanta transparência e verdadeira participação cívica.
O deputado João Fernandes (PSD) lamentou que, a poucos meses das eleições autárquicas, o Orçamento Participativo continue “na gaveta” e sublinhou que, apesar das falhas do modelo anterior, é pior não haver nenhum. O autarca defendeu que o instrumento político é essencial para dar voz aos cidadãos e propôs que as receitas municipais provenientes de grandes eventos, como as festas da cidade, possam ser canalizadas para um novo modelo do Orçamento Participativo. Já a presidente da Junta de Freguesia de Martinchel, Maria Barreiro, ofereceu uma perspectiva contrária, considerando que o anterior modelo do Orçamento Participativo era facilmente manipulável, acrescentando que dificilmente se criará um modelo honesto e viável. “Por mim fechava-se este assunto na gaveta à chave e mandava a chave para o lixo, para ele nunca sair de lá”, afincou.
Na resposta, Manuel Valamatos reconheceu a importância da participação cívica, mas justificou a suspensão do modelo anterior com a sua falta de autenticidade. Acrescentou que já foram apresentadas duas propostas técnicas para um novo modelo, mas nenhuma lhe agradou por não garantir o envolvimento genuíno da população. “Prefiro não ter orçamento participativo a ter um mau”, disse o autarca, acrescentando que os antigos 300 mil euros destinados a esse fim estão a ser aplicados em apoio directo ao movimento associativo através do programa FinAbrantes. João Fernandes sugeriu que o executivo partilhe as propostas existentes para que os partidos “possam contribuir e construir algo útil em conjunto”.