Sociedade | 14-07-2025 07:00

Golegã precisa de mais habitação para fixar mão-de-obra e desenvolver a economia local

Golegã precisa de mais habitação para fixar mão-de-obra e desenvolver a economia local
Participantes do debate Dois dedos de ideias, promovido pela Assembleia Municipal da Golegã - foto O MIRANTE

Empresários da Golegã mencionaram problemas de falta de mão-de-obra, de habitação e fixação de pessoas na iniciativa Dois dedos de ideias, organizada pela Assembleia Municipal da Golegã.

A Assembleia Municipal da Golegã levou a cabo na passada semana a iniciativa Dois dedos de ideias que reuniu empresários, câmara municipal e população para conversar sobre o desenvolvimento económico e turístico do concelho. Vem gente de toda a parte do mundo para conhecer a realidade agrícola e equestre da Golegã, mas como nem só de cavalos vive o concelho, foram abordados pelos empresários problemas como a falta de mão-de-obra, de habitação e consequente fixação de pessoas, com a empresa Mendes Gonçalves já a criar políticas de acolhimento nesse sentido.
Participaram no painel, além do presidente da câmara, António Camilo, o proprietário do Intermarché da Golegã, João Pancada; em representação da empresa Mendes Gonçalves, Rui Ferreira; da MaisLavra, António José de Carvalho; o criador de cavalos lusitanos, Manuel Borba Veiga; e o administrador do grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Almeida, o qual irá recuperar a Quinta da Cardiga.
João Pancada afirmou que são poucos os trabalhadores do Intermaché a residir na Golegã. Muitos, revelou, são imigrantes, vivem no Entroncamento e deslocam-se de trotineta para o trabalho devido à dificuldade nos transportes de e para a Golegã. “As pessoas acordaram para a realidade e viram que precisavam de um equilíbrio entre a família e a parte profissional, e tem havido resistência ao trabalho ao fim-de-semana”, explicou sobre a mão-de-obra imigrante. Contou ainda a história de uma ex-trabalhadora que teve de voltar para o Brasil porque não tinha vaga na creche para a filha. O empresário concluiu dizendo que a Golegã precisa de conseguir fixar pessoas para aumentar a oferta no supermercado. “Se as pessoas querem sushi, têm de ir a Torres Novas”, exemplificou.

“Os portugueses deixaram de querer trabalhar no campo”
Também na agricultura é sentida a falta de mão-de-obra, colmatada pelos imigrantes. “Os portugueses deixaram de querer trabalhar no campo. Continuamos com dificuldades em encontrar operadores de máquinas agrícolas porque os equipamentos são mais sofisticados, embora a remuneração seja elevada”, disse António Carvalho. Defendeu ser necessária uma rede 5G para os GPS e sensores agrícolas e adaptar a rede viária à actividade para uma agricultura mais moderna e sustentável. Referiu ainda que a agricultura sempre foi e será uma actividade importante no concelho, notando que a agricultura ainda é conotada como um trabalho pesado e sujo que os jovens não gostam.
O administrador do grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Almeida, justificou a aposta numa unidade hoteleira no concelho como factor de inovação da marca, que se distingue pela recuperação de património histórico. Mas para que tenha sucesso, Gonçalo Rebelo afirmou não se poder depender apenas da Feira Nacional do Cavalo, sendo necessário atrair outros segmentos, trabalhar o turismo de natureza, por exemplo, e o próprio hotel ter componentes lúdicas.

Agravamento de IMI para casas devolutas
No final, o público teve oportunidade de intervir, tendo uma munícipe questionado se o município tem capacidade de travar os proprietários que, face à falta de habitação, guardam as suas casas para alugar pela altura do São Martinho ou de outros eventos. O presidente do município, António Camilo, disse concordar com o aumento de IMI nesses casos, revelando que há muitos anos também ele foi despejado durante um mês para a casa poder ser alugada.
António Camilo disse ser preciso dar incentivos ao nível das licenças de construção, atribuir um desconto de 5% no IRS aos moradores e relembrou a redução do IMI (imposto municipal sobre imóveis) para 0,34%, com o objectivo de iniciar uma progressiva diminuição da taxa, com intenção de atingir a taxa mínima nos próximos anos. O objectivo é fomentar o mercado de aquisição de imóveis e aliviar os encargos das famílias residentes, além da construção de mais habitações a custos acessíveis no âmbito da Estratégia Local de Habitação.

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