Alpiarça e Almeirim desentendem-se nas datas das festas e quem vai perder é a região

Durante uma década o Festival da Sopa da Pedra e a Alpiagra - Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça sempre conviveram em complementaridade, com um evento a seguir ao outro, mas a nova presidente da Câmara de Alpiarça decidiu antecipar a feira e este ano vão realizar-se ao mesmo tempo. E nem com o facto de os dois municípios serem governados por autarcas do mesmo partido se conseguiu que houvesse um entendimento.
Pela primeira vez os municípios de Alpiarça e Almeirim não se entendem quanto a duas das festas mais importantes dos dois concelhos, a Alpiagra e o Festival da Sopa da Pedra que este ano vão coincidir no calendário. Desde sempre que os certames se realizaram em alturas diferentes, apesar de próximas, mas a Câmara de Alpiarça este ano entendeu que devia realizar a feira agrícola e comercial da vila no final de Agosto, embora não apresente justificações, seja em termos de visitantes, de logística ou até mesmo de estratégia para tal opção.
O Festival da Sopa da Pedra, promovido pela Confraria Gastronómica de Almeirim em parceria com a autarquia, tem decorrido desde a primeira hora no final de Agosto, com início na última quarta-feira do mês. A Alpiagra decorreu sempre no mês de Setembro, ainda antes de haver o festival em Almeirim, com a organização a ter tido o cuidado de não fazer coincidir os eventos. Entretanto, o novo executivo socialista da Câmara de Alpiarça, liderado por Sónia Sanfona, decidiu antecipar a feira, que agora vai decorrer de 23 a 31 de Agosto. O Festival da Sopa da Pedra decorre entre 27 e 31 de Agosto.
Mesmo no tempo em que os dois municípios eram geridos por cores políticas diferentes, a CDU em Alpiarça e o PS em Almeirim, houve sempre o cuidado de separar os certames e agora que ambas têm presidentes eleitos pelo Partido Socialista é que passa a haver uma concorrência entre duas terras, que distam cerca de oito quilómetros. Mais curioso é que só agora, no ano do final do mandato e a pouco tempo das autárquicas, é que há uma mudança que origina esta coincidência, com Sónia Sanfona a dizer que foi feita a marcação e anunciadas as datas e que Almeirim não prescindiu de fazer o festival na altura em que costumam fazer, situação que escapa ao controlo do município.
O presidente da Confraria Gastronómica de Almeirim realça que o festival teve sempre início numa data específica e nunca mudou, recordando que houve antes alturas em que se teve de desmontar o palco e alguns stands à pressa para emprestar à Câmara de Alpiarça para a feira. Luís Manso esclarece que quando se apercebeu da coincidência de datas alertou o município de Almeirim que ainda fez algumas diligências junto da congénere vizinha, mas sem sucesso.
Luís Manso considera que quem perde com esta situação é a região que podia ter duas festas próximas separadas, bem como os empresários e comerciantes, que vão ter de optar por uma ou outra, perdendo visibilidade. Sublinha ainda que é natural que o público também se vá dividir pelas duas iniciativas, o que não é bom para nenhuma delas.