Sociedade | 15-07-2025 15:00

Enfermeiros do Hospital VFX fazem turno de quase 24 horas nas urgências

Enfermeiros do Hospital VFX fazem turno de quase 24 horas nas urgências
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Problemas no Hospital Vila Franca de Xira continuam a agudizar-se sem soluções à vista e enfermeiros estão esgotados e desanimados com a falta de respostas - foto arquivo O MIRANTE

Problema da falta de profissionais e da degradação das condições de trabalho agudiza-se no Hospital Vila Franca de Xira, diz o sindicato dos enfermeiros. Na última semana um pico da procura das urgências deixou meia dezena de ambulâncias retidas no hospital e enfermeiros a trabalhar quase um dia seguido para não deixar os utentes sem assistência.

Os enfermeiros do Serviço de Urgência do Hospital Vila Franca de Xira (HVFX) estão no limite da sua capacidade física e mental, fruto do elevado ritmo de trabalho em resultado da falta de enfermeiros, o que levou no dia 2 de Julho a haver profissionais a fazerem turnos superiores a 20 horas. Isto, recorde-se, num dia em que se verificou um elevado fluxo de utentes nas urgências, o que deixou perto de meia dezena de ambulâncias, de várias corporações da região, a ficar retidas à porta durante horas.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) confirma um cenário em que os enfermeiros que iniciaram o trabalho nas urgências às 20h00 de terça-feira, 1 de Julho, quase um dia depois ainda lá permaneciam ao serviço. “A escala prevista para o turno da manhã tinha um número muito abaixo das necessidades para o elevado volume de serviço e por solidariedade os colegas do turno da noite continuaram ao serviço durante o dia para ajudar quem estava a entrar de manhã e para não deixar os utentes mal acompanhados”, revela Marco Aniceto do SEP a O MIRANTE.
A administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo, que tutela o hospital, diz que os enfermeiros recusaram-se a largar o turno. A administração da ULS, liderada por Carlos Andrade Costa, já tinha explicado anteriormente que está a tentar desenvolver um processo de contratação de mais profissionais visando reforçar o quadro de pessoal.
“O objectivo de pressionar a administração do hospital para dar melhores condições de trabalho aos enfermeiros mantém-se, mas continuam os problemas que há muito se arrastam”, lamenta o dirigente sindical, que volta a alertar para a necessidade urgente de contratar mais profissionais. A situação actual entre os enfermeiros, garante, é de esgotamento e desânimo. O sindicato volta a alertar para a redução do número de folgas, sucessivas alterações de horário, muitas delas no próprio dia, e a realização de horários com mais de 50 horas extraordinárias por mês, facto que O MIRANTE já tinha noticiado.
“A prestação de cuidados de enfermagem aos cerca de 100 doentes internados no Serviço de Urgência, para além da elevada afluência ao serviço, tem vindo a ser garantida à custa do esforço dos profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermeiros, em prejuízo de momentos de descanso, de lazer e da vida familiar”, critica o sindicato. A situação, considera o mesmo organismo, não é inevitável e poderia ser resolvida caso o Governo investisse mais no Serviço Nacional de Saúde. A criação de condições de trabalho que favoreçam a fixação e contratação de enfermeiros, tais como o aumento do salário e a valorização da carreira, e a contagem de todos os anos de serviço para efeitos de progressão são algumas das medidas que ajudariam quem trabalha naquele hospital.
“O SEP e os enfermeiros do serviço de urgência do HVFX não desistirão de lutar por melhores condições de trabalho que lhes permitam uma vida digna e prestar os cuidados de saúde necessários aos utentes”, garante o sindicato, admitindo que novas greves poderão estar no horizonte.

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