Júlia Quadros e José Morgado: um casal de professores de Tomar que faz dupla na música

São um casal há 36 anos, têm dois filhos, são professores e partilham o gosto pela música. Júlia Quadros e José Morgado têm uma vida dedicada ao ensino, mas também à música. Conheceram-se na escola, em Tomar, e começaram a cantar juntos. Hoje dão concertos e participam em diversos eventos na cidade de Tomar. O MIRANTE conversou com o casal sobre os seus percursos de vida.
Júlia Quadros e José Morgado, ambos com 66 anos de idade, constituem um casal de professores de Tomar que faz sucesso no mundo da música. Júlia Quadros está actualmente reformada, mas foi professora de Física e Química durante quase 44 anos. José Morgado vai reformar-se este ano, dando aulas de Artes Visuais. O casal conheceu-se em contexto de trabalho, na escola, em Tomar, estando casado há 36 anos. Têm dois filhos, um com 34 anos e outro com 31 anos. Partilham o gosto pela música, tendo começado a cantar juntos quando se conheceram. Hoje actuam em concertos e participam em diversos eventos na cidade de Tomar. O MIRANTE esteve na casa de Júlia Quadros e José Morgado e conversou com o casal sobre o seu percurso de vida.
Na sala de estar, sentados na mesa de jantar, num ambiente descontraído, recordam que assim que se conheceram começaram a cantar juntos, nomeadamente em jantares que organizavam com colegas. José Morgado toca guitarra e escreve músicas infantis, enquanto Júlia Quadros dedica-se ao canto. Há 31 anos criaram a Tuna Sabes Cantar, com a participação de colegas, alunos e funcionários da escola, grupo que perdura até aos dias de hoje. Já lançaram dois CDs com a Tuna, o primeiro há 10 anos, com músicas de teatro originais de José Morgado. Actualmente, a Tuna tem-se dedicado mais aos espectáculos de comemoração do 25 de Abril, que se realizam todos os anos no Cine-Teatro Paraíso, em Tomar. O primeiro concerto foi em 2000, com a participação de convidados musicais pagos pela Câmara de Tomar. Depois, o município deixou de pagar cachês e o casal decidiu continuar com o projecto através da escola. Desde aí fazem o espectáculo todos os anos, contando sempre com casa cheia. Para além da Tuna, o casal também actua enquanto dupla, sendo convidado para diversas iniciativas na cidade.
Uma vida dedicada ao ensino
Júlia Quadros nasceu e cresceu na Figueira da Foz, tendo ido depois estudar para Coimbra, onde fez licenciatura e mestrado em Física. Já está em Tomar há 40 anos. Ficou colocada na cidade para dar aulas e nunca mais saiu. Antes de Tomar, ainda deu aulas em Leiria e Portalegre. Reformou-se em Novembro passado, guardando boas memórias dos tempos como professora. “Sempre senti imenso carinho dos alunos, eles também penso que sentiram da minha parte um carinho muito grande e um gosto por ensinar”, afirma. Agora, na reforma, tem-se dedicado a outras ocupações, como a música, mas ainda mantém contacto com alguns alunos.
José Morgado nasceu em Ourém, mas foi para Tomar com apenas 10 anos. Para si, o ensino já não é igual ao que era quando começou a carreira. “O ensino está muito burocratizado, tem muita papelada que não interessa, isso tira a energia positiva para fazer outras coisas”, defende, apontando a inteligência artificial como um dos grandes desafios para o futuro.
Paixão pela música começou na infância
Tanto Júlia Quadros como José Morgado ganharam o gosto pela música desde cedo. Júlia Quadros cresceu numa família que gostava muito de música, tendo tido influências do pai, irmão e dos avós, que eram compositores. “Nas festas de Natal do Jardim Escola, com 5 anos, já cantava. Lembro-me quando fui para o ciclo, que me foram buscar à escola para ir cantar ao quartel para os soldados, na festa de Natal deles, e depois deram-me uma grande boneca que ainda a tenho”, recorda bem-disposta. Ainda tocou piano durante muitos anos, mas actualmente dedica-se apenas ao canto. Assume que o seu estilo de música favorito é o jazz.
José Morgado começou na música aos 10 anos de idade, quando andava no ciclo preparatório. “Havia um professor de música aqui em Tomar que tinha a teoria que os melhores alunos na generalidade também seriam bons músicos. Então agarrou em dez alunos e resolveu dar-lhes aulas gratuitas durante dois anos, foi assim que comecei”, recorda. Aprendeu a tocar guitarra com 15 anos, tendo integrado um grupo que fazia reinterpretações de música popular portuguesa. Actualmente, além de músicas, ainda escreve livros infantis.