Sociedade | 22-07-2025 15:00

Falta de passadiço força maquinistas a arriscar a vida na estação de Alverca

Falta de passadiço força maquinistas a arriscar a vida na estação de Alverca
Maquinistas que precisam de sair das composições precisam de caminhar pela linha o que representa um risco acrescido de acidente - foto O MIRANTE

Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária emitiu uma recomendação à Infraestruturas de Portugal avisando que pode estar em causa a segurança para os maquinistas na estação de comboios de Alverca do Ribatejo.

Os maquinistas que precisam de realizar manobras de resguardo das composições na estação de comboios de Alverca do Ribatejo circulam a pé pela linha, numa zona sem passadiço, o que pode representar elevados riscos de segurança para os próprios e, em última instância, para os utilizadores do comboio. O alerta é deixado numa recomendação assinada pela Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária (ANSF), dirigido à Infraestruturas de Portugal, a responsável pela infraestrutura da estação, que pede também que a Comboios de Portugal (CP) faça uma avaliação definitiva e final do nível de risco a que os maquinistas estão expostos.
“O resultado da avaliação de risco deverá ser comunicado à ANSF e se dessa análise resultar a necessidade de intervenção na infraestrutura, para melhoria das condições de trabalho dos colaboradores da CP que efectuam essas manobras, deverá ser requerida uma intervenção à IP”, informa a ANSF.
Um maquinista, ouvido na estação por O MIRANTE, confirma a situação, dizendo que o problema não é novo. Apesar de não querer revelar a sua identidade por razões laborais, o profissional afiança que ele próprio já teve de caminhar na linha, “entre comboios”, depois de fazer o chamado resguardo das composições, o “estacionar” dos comboios que não vão ser usados no imediato. “Não dá muita segurança caminhar pela linha e atravessá-las, sei que alguns colegas já avisaram várias vezes para esta situação mas creio que ainda nada foi feito. Temos algum medo que um dia haja um acidente sério”, confirma.
Em Dezembro de 2024, recorde-se, os maquinistas de todo o país realizaram uma greve para exigir maiores condições de segurança ferroviária em sete empresas que prestam serviço: CP, Fertagus, Metro do Sul do Tejo, ViaPorto, Captrain, Medway e IP. O protesto foi movido pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses.
O sindicato tem denunciado, ao longo dos anos, situações críticas que comprometem a segurança da operação e colocam em risco trabalhadores e passageiros, como queda de pedras na linha, material obsoleto em circulação ou estado degradado da via, bem como a reivindicação pelo encerramento das passagens de nível mais perigosas, responsáveis por 38% dos acidentes.

29 acidentes na ferrovia no ano passado

O Relatório Anual de Segurança do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), recorde-se, concluiu que Portugal registou 29 acidentes significativos no último ano, 52% dos quais referentes a atropelamentos, 38% em passagens de nível devido ao incumprimento das regras de trânsito, 7% por colisões com objectos como pedras ou árvores e 3% descarrilamentos ligados à degradação da infraestrutura.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1725
    16-07-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1725
    16-07-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1725
    16-07-2025
    Capa Vale Tejo