Sociedade | 26-07-2025 15:00

Vila Franca de Xira prepara plano de emergência para empresa que originou surto de legionella

Vila Franca de Xira prepara plano de emergência para empresa que originou surto de legionella
ADP Fertilizantes está situada no Forte da Casa e ficou na história por ter causado um dos maiores surtos de legionella do país - foto arquivo O MIRANTE

Plano de Emergência Externo da ADP Fertilizantes está em consulta pública. Perto da fábrica que, em 2014, foi responsável pelo surto de legionella que matou 12 pessoas, vivem perto de cinquenta mil habitantes.

Está em consulta pública durante 30 dias o Plano de Emergência Externo criado pela Protecção Civil Municipal de Vila Franca de Xira para a empresa ADP Fertilizantes, localizada entre Alverca do Ribatejo e o Forte da Casa. Empresa que, recorde-se, esteve na origem do surto de legionella de 2014 que infectou 375 pessoas e levou à morte de outros 12 cidadãos.
O plano estabelece as principais orientações para operações de Protecção Civil em caso de acidente grave nas instalações da ADP Fertilizantes, abrangendo o comando, a coordenação e a actuação das diversas entidades envolvidas. O documento abrange a área envolvente da unidade fabril podendo estender-se à União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho e ainda a concelhos vizinhos como Loures, Arruda dos Vinhos e Benavente. Esta articulação, lê-se no documento, é essencial para a integração com outros planos municipais e distritais e o Plano Nacional de Emergência de Proteção Civil.
A ADP Fertilizantes dedica-se à produção de adubos químicos, compostos azotados e ácido nítrico, operando com matérias-primas e produtos classificados como perigosos, como amoníaco, gás natural, nitrato de amónio, óxidos de azoto, ácido nítrico, gasóleo, hidróxido de sódio, ácido clorídrico, acetileno e hidrogénio. Estes compostos, caso ocorram fugas ou acidentes, representam riscos elevados para a saúde pública e para o ambiente.
A unidade fabril está situada próxima de áreas densamente povoadas, estimando a Câmara de Vila Franca de Xira que vivam 50 mil pessoas na zona envolvente da fábrica, havendo além da habitação infraestruturas críticas como escolas e zonas comerciais, como o Alverca Park, Leroy Merlin, Auchan e Continente Modelo, e vias estruturantes para a mobilidade no concelho como a EN10 e a A1.
Este plano de emergência externo, que também é feito para outras empresas do concelho com o mesmo nível de perigosidade, visa garantir uma resposta rápida e coordenada entre todos os agentes da Protecção Civil, minimizar os impactos de acidentes graves com substâncias perigosas, definir regras para alerta, mobilização e actuação das equipas e proteger as populações e o meio ambiente.

Vítimas da legionella à espera dos tribunais
Quase onze anos depois do surto de legionella continua a haver 330 vítimas que continuam à espera de justiça e a exigir ao Estado uma indemnização de 2,6 milhões de euros. O Tribunal Administrativo demora anos a dar seguimento aos processos, um deles a acção interposta pelas vítimas contra o Estado português. Maria Manuela, da associação que representa as vítimas do surto de VFX, disse a O MIRANTE no final do ano passado acreditar que a justiça é lenta mas não vai tardar. “Vamos até ao fim e depois de esgotados os recursos em Portugal vamos para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, se for preciso. Temos a câmara e a junta do nosso lado”, garantiu.
Das mais de três centenas de vítimas, pouco mais de 70 são representadas pela associação mas a maioria não aparece nem paga quotas. Com o tempo que passou, a esperança que seja feita justiça vai-se desvanecendo e só cerca de 30 passaram procurações à actual advogada da associação. “As pessoas encontram-me na rua e dizem para eu não pensar nisto que não vai dar em nada, mas não desisto. A minha mãe sofreu na pele a legionella e ficou com sequelas porque já era de idade. Por mim vamos até ao fim, nem que tenhamos de pedir dinheiro emprestado”, assegura.

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