Constância suspendeu obras para habitações mas por pouco tempo

Câmara de Constância decidiu suspender obras na Rua Grande, no centro histórico da vila, para dar cumprimento a uma exigência do instituto público Património Cultural.
O executivo da Câmara de Constância decidiu suspender a empreitada de construção de habitação a custos acessíveis na Rua Grande, no centro histórico da vila. A decisão foi tomada por unanimidade na última reunião camarária. Contactado por O MIRANTE sobre as razões que levaram a essa decisão, o presidente do município, Sérgio Oliveira (PS), disse que a intervenção “foi suspensa para dar cumprimento a uma exigência do Património Cultural que consta do parecer” dessa entidade. “Tivemos que colocar uma manta geotêxtil e areia numa das sondagens efectuadas ainda no tempo do presidente Máximo Ferreira, e que estava a descoberto”, especificou o autarca socialista.
“A empreitada não foi suspensa pelo Património Cultural. Nós é que decidimos que o melhor era suspender a mesma, para termos tempo para proceder aos trabalhos necessários, e para além disto, o próprio empreiteiro pediu a suspensão para análise de um conjunto de situações da obra, antes de avançar. Nós aqui em Constância não avançamos com intervenções sem ter os pareceres externos necessários. Sejam da APA, do Património Cultural, da CCDR-LVT ou da Defesa Nacional”, sublinhou Sérgio Oliveira na resposta ao nosso jornal. Em causa está a construção de três fogos, numa empreitada de requalificação de edificado antigo que está orçamentada em 389 mil euros mais IVA, financiada a 100% pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem prazo de conclusão previsto para Março ou Abril do próximo ano.
A empreitada suscitou algumas dúvidas entre cidadãos mais ligados às questões históricas e de defesa do património, dado que decorre numa rua medieval do centro histórico onde existiria uma ‘porta da vila’. José Luz questionou se a obra tem tido o devido acompanhamento arqueológico, o que o município confirma, já que “nesse local devem existir possíveis vestígios do antigo castelo onde a tradição coloca Camões desterrado e onde residiram temporariamente por exemplo, Dom Diniz, Dom Manuel I, Dom Sebastião”. E o mesmo cidadão acrescenta, em exposição enviada ao instituto público Património Cultural: “pelas informações dos livros da Guerra da Ordem dos Templários e pelas fotos do arquivo nacional francês dos anos 70 do século XIX tudo indica que as ruínas agora destruídas pela câmara da antiga estalagem do porto fluvial foram edificadas no perímetro dessa antiga fortaleza”.
Posteriormente, na mesma zona, será lançada uma empreitada para criação de uma bolsa de estacionamento, que, segundo o presidente da câmara, também já tem os pareceres externos todos. Segundo Sérgio Oliveira, será criada uma zona de pavimento em calçada destinada ao estacionamento de viaturas ligeiras e bicicletas. Onde for necessário, a delimitação será efectuada por muro de contenção em betão armado, pintado à cor branca. Serão ainda preparados os locais para a posterior plantação de uma árvore e de alguns arbustos. O preço base para a empreitada ronda os 113 mil euros, estando prevista a sua conclusão em Março de 2026.