Sociedade | 02-08-2025 18:00

Partos em ambulâncias aumentam devido ao encerramento de urgências e região não foge à regra

Partos em ambulâncias aumentam devido ao encerramento de urgências e região não foge à regra
Lucas foi o último bebé a nascer com a ajuda dos Bombeiros de Vila Franca de Xira, na madrugada de 24 de Julho - foto DR

O número de partos em ambulâncias chegou à meia centena no último ano e em 2025 já vai em 36. Nádia e Maria Sofia, nascidas a bordo de ambulâncias dos bombeiros de Benavente e Vila Franca de Xira, fazem parte desta soma. Outros três bebés nasceram depois, com um mês de diferença e a ajuda dos bombeiros de Azambuja, de Vila Franca de Xira e de Rio Maior.

O caos nas urgências de Ginecologia e Obstetrícia tem feito disparar o número de partos em ambulâncias e os bombeiros têm sido, em muitos casos, o porto seguro das mulheres grávidas. Foi o caso de quatro mulheres da região ribatejana que nos últimos quatro meses tiveram os seus bebés com o apoio destes operacionais. Um dos últimos nascimentos nestas condições foi o do pequeno Lucas que veio ao mundo na madrugada de 24 de Julho, em casa, com a ajuda dos Bombeiros de Vila Franca de Xira.
Segundo a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, os operacionais foram chamados para uma emergência, que “acabou por ser um momento muito especial” e que decorreu sem incidentes. “O parto correu bem e o Lucas nasceu às 04h19, com a nossa equipa e os profissionais da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) a garantirem todo o apoio à mãe”.
Um dia depois, os Bombeiros Voluntários de Rio Maior realizaram um parto em plena A1, ao km 110, quando se deslocavam para o Hospital de Santo André, em Leiria, por indisponibilidade dos hospitais de Santarém, Vila Franca de Xira e Caldas da Rainha em receberem a grávida. O parto foi realizado sem qualquer apoio diferenciado, informou a associação humanitária.
Segundo a Liga dos Bombeiros Portugeses, no último ano nasceram cerca de 50 bebés durante o transporte para a maternidade. A 11 de Julho, a presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, fez as contas e afirmou que na primeira metade deste ano já nasceram 36 bebés em ambulâncias, considerando que tal “não é normal”.
Na região, juntam-se ao Lucas- que não entra nas contas da FNAM- as bebés Ana Alice, Nádia e Maria Sofia. A primeira, recorde-se, nasceu na madrugada de 20 de Junho, numa ambulância dos Bombeiros Voluntários de Azambuja que não chegou a sair do quartel, devido à grávida se encontrar em “situação de parto iminente”.
Também o nascimento de Nádia aconteceu a bordo de uma ambulância, neste caso dos Bombeiros de Benavente, na rotunda de acesso à auto-estrada 10, que seguia para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e não para o mais próximo, o de Vila Franca de Xira, cujo serviço de urgência obstétrica se encontrava encerrado. Em Março, foi Maria Sofia que não quis esperar pela chegada à maternidade e acabou por nascer a bordo de uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, dizia em Abril que é preciso garantir que nasçam menos bebés em ambulâncias, sobretudo através de gravidezes bem vigiadas, mas afirmou que sempre houve situações semelhantes. Por sua vez, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses sublinhou que apesar de a formação dos bombeiros incluir saber realizar partos, os “partos súbitos são partos que trazem preocupações” às quais, disse António Nunes, se junta o facto de os encerramentos dos serviços de urgência gerarem “incerteza” nas corporações de cada vez que “uma ambulância sai para transportar uma grávida, porque muitas vezes não se sabe para onde a parturiente vai ser encaminhada”.

Os Bombeiros de Rio Maior realizaram um parto em plena A1 - foto DR

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