Polícias de Santarém contestam gestão dos serviços de gratificados na PSP

Perto de meia centena de polícias do Comando de Santarém da PSP acusam as chefias de “negligência” na gestão dos serviços administrativos de gratificados, falando em “preferências” e “prejuízos directos” causados a dezenas de elementos.
Os polícias do Comando de Santarém da Polícia de Segurança Pública (PSP) estão insatisfeitos e revoltados com aquilo que dizem ser a “negligência na gestão dos serviços de gratificados”. Numa carta assinada por cerca de meia centena de elementos da PSP, a que O MIRANTE teve acesso, os polícias afirmam que “é com profundo sentido de responsabilidade que se torna necessário denunciar uma situação de manifesta negligência por parte das chefias do Comando da PSP de Santarém. Esta prende-se com a gestão dos serviços administrativos de gratificados, cuja boa organização é essencial para garantir aos agentes a possibilidade de melhorar a sua remuneração, na grande maioria das vezes à custa das suas horas de descanso e da vida pessoal”, lê-se.
O documento refere que “há uma clara preferência em manter determinados elementos afectos a estes serviços administrativos — em particular na gestão dos gratificados — apesar da evidente falta de brio profissional, camaradagem e eficiência por parte dos mesmos. Esta postura tem vindo a causar prejuízos directos e reiterados a dezenas de elementos, que vêem pedidos de gratificados recusados sem qualquer necessidade real que o justifique”.
Na mesma nota lê-se que “esta inércia e protecção de certos indivíduos, tratados como se estivessem sob um manto sagrado, impede uma rotação justa de pessoal e compromete a eficácia do serviço. Pior ainda, contribui para o desgaste, desmotivação e injustiça sentida pelos agentes que se vêem privados de oportunidades legítimas de aumentar os seus rendimentos”, refere, concluindo que “é imperativo que as chefias assumam as suas responsabilidades e promovam uma reorganização justa e transparente destes serviços, pautando-se pela meritocracia, eficiência e, acima de tudo, pelo respeito por todos os profissionais que, diariamente, dignificam a farda que envergam”.
Polémica dos gratificados já é antiga
Em 2019, os polícias do comando de Santarém também estiveram envolvidos numa confusão por causa das escalas dos gratificados, serviços pagos fora do horário normal. Devido a reclamações por causa das escalas de serviço de cada agente que se disponibiliza para fazer estes trabalhos, o comando mandou aplicar o regulamento nacional, que diz que tem de haver um intervalo de duas horas entre a saída do turno policial e a entrada para os gratificados. Situação que originou falta de agentes para responder às solicitações de privados, como hipermercados e fiscalização do estacionamento pago na cidade. Houve pelo menos dois agentes que contestaram a forma como estavam a ser elaboradas as escalas dos gratificados. Com a ordem de se cumprir o regulamento à risca, faltaram polícias para fazer a segurança, em alguns períodos, a hipermercados, à estação da rodoviária e fiscalização dos parques de estacionamento.
PSP de Santarém diz não ter conhecimento de contestação por causa de gratificados
O Comando Distrital de Santarém da Polícia de Segurança Pública (PSP) afirma não ter conhecimento de qualquer contestação em relação aos serviços administrativos de gratificados. A resposta dada a O MIRANTE surge na sequência de uma carta enviada ao nosso jornal, assinada por cerca de meia centena de polícias do Comando de Santarém da PSP que acusam as chefias de “negligência” na gestão de gratificados, falando em “preferências” e “prejuízos directos” causados a dezenas de elementos.
O Comando afirma que, para além de não ter conhecimento de qualquer contestação, “o número de polícias que efectua os designados serviços remunerados não ascende, sequer, ao número que mencionaram, pelo que a informação a que tiveram acesso não nos parece fazer qualquer sentido”, lê-se na resposta, que acrescenta: “a nomeação para a realização de serviços remunerados obedece às normas internas em vigor na PSP, procurando salvaguardar-se o bem-estar físico e psicológico do polícia, em permanência, assim como a qualidade e o profissionalismo do serviço prestado, em simultâneo. (…) Sem prejuízo da existência de lapsos na elaboração das escalas, qualquer reclamação que venha a existir, que não tem acontecido, será sempre analisada de forma equilibrada, tendo em conta a equidade e a justiça relativa na atribuição desta missão”, conclui a nota.