Zona ribeirinha da Chamusca ao abandono e com lixo acumulado durante uma semana

Lixo no Porto das Mulheres, na zona ribeirinha da Chamusca, esteve perto de uma semana para ser retirado dos equipamentos. Município continua a negligenciar o rio Tejo, apesar de utilizar a sua imagem como um dos ex-libris do concelho.
A zona ribeirinha da Chamusca está ao abandono e completamente esquecida pelo município, embora seja um espaço frequentado por centenas de pessoas ao longo do Verão. Na última semana, nas redes sociais, foram publicadas várias fotografias de lixo acumulado ao longo de mais de quatro dias nos equipamentos junto ao Porto das Mulheres, a zona ribeirinha mais frequentada na Chamusca, junto à estrada do Tapadão. Embora a maioria das pessoas condene a falta de civismo dos utilizadores, uma vez que existem contentores de indiferenciados nas proximidades, há também muitos munícipes que lamentam o mau trabalho na recolha dos resíduos naquela que devia ser uma zona ex-libris no concelho.
O problema é que a zona ribeirinha da Chamusca se tem degradado de ano para ano e o assunto tem sido discutido frequentemente em reuniões de câmara e assembleia municipal, estando inclusive nos programas eleitorais da maioria dos candidatos à presidência da câmara nas próximas eleições autárquicas. A Terra Branca (como antigamente era conhecida), situada entre a lezíria e a charneca, tem o seu espelho nas águas do rio Tejo, mas essa riqueza tem sido desvalorizada, embora a autarquia continue a utilizar, em muitos casos, a imagem do rio e os recursos naturais como marca distintiva. A população continua a queixar-se da falta de limpeza na maior parte dos casos e na falta de manutenção dos poucos equipamentos existentes, como um assador, bancos e cadeiras ali colocados há vários anos para as famílias poderem utilizar. A inexistência de espaços verdes e zonas recreativas que apelem à vontade das famílias de usufruírem das margens e do leito do rio também são outras das críticas apontadas.
Nos últimos anos, a Agência Portuguesa do Ambiente foi obrigada a colocar uma sinalética a desaconselhar banhos no Porto das Mulheres, pouco tempo depois daquela zona ter aparecido num guia turístico, editado pelo jornal Expresso, como praia fluvial da zona ribatejana. Na altura, em 2023, o assunto foi discutido em sessão camarária, depois da vereadora Gisela Matias (CDU) ter questionado quais as razões para a colocação da sinalética e se o município vai fazer alguma coisa para valorizar a zona ribeirinha. Paulo Queimado, presidente da autarquia, explicou que o município tinha intenção de criar uma zona balnear no Porto das Mulheres, mas que, ao invés, a entidade do Estado decidiu colocar a sinalética a desaconselhar os banhos. Tiago Prestes, também vereador da oposição (coligação “Chamusca concelho com Futuro”), desabafou, afirmando que concorda que a utilização do rio no Porto das Mulheres seja desaconselhada uma vez que o estado em que se encontra o local pode tornar-se perigoso para quem o frequenta. “A Chamusca poderia ter muito mais a dizer e ficaria muito mais valorizada com uma zona ribeirinha cuidada”, acrescentou. Nesta altura da discussão Gisela Matias voltou a usar da palavra para dar conta de que a fonte que existe no local para as pessoas beberem água tem estado avariada. Paulo Queimado, que deu a entender não ter conhecimento da situação, disse que “provavelmente terá existido uma nova ruptura e que será reposta a situação”.
