Incêndio de Alcanede consumiu mais de 200 hectares com estragos em habitações e pecuária

Causas do incêndio estão a ser investigadas pela GNR, mas no local foram encontrados fios eléctricos caídos e garrafas de vidro.
O incêndio que deflagrou na terça-feira, 30 de Julho, em Alcanede, concelho de Santarém, consumiu mais de 200 hectares de eucaliptal, afectou uma exploração pecuária e causou danos em várias habitações, encontrando-se desde a manhã do dia seguinte em conclusão, segundo os bombeiros da localidade. De acordo com o comandante dos Bombeiros Voluntários de Alcanede, Filipe Regueira, o fogo começou numa zona de eucalipto e propagou-se rapidamente devido à intensidade do vento, que dificultou o combate às chamas. “Foi um verdadeiro jogo do gato e do rato”, descreveu o comandante dos Bombeiros Voluntários de Alcanede.
Durante a noite, mais 400 operacionais e 130 veículos mantiveram-se no terreno em acções de vigilância e combate, com várias reactivações em zonas de interface entre áreas ardidas e não ardidas. Segundo o responsável, “a mudança da direcção do vento complicou ainda mais as operações”.
Entre os estragos contabilizados está a destruição parcial de uma exploração pecuária, onde morreram dezenas de animais, incluindo leitões.Uma casa de segunda habitação e vários anexos foram também atingidos. Outras estruturas, como casas devolutas e antigas, sofreram igualmente danos. No incêndio, que deflagrou pelas 13h00 de terça-feira na localidade de Vale das Caldas, cinco pessoas, três das quais bombeiros, sofreram ferimentos ligeiros.
Filipe Regueira classificou o incêndio como “o mais violento dos últimos 10 anos” no concelho de Santarém, salientando que mais de 200 hectares de eucaliptal terão sido consumidos pelas chamas, que se propagaram rapidamente numa zona contínua de floresta entre Alcanede e Montejunto. “Aqui na zona do concelho de Santarém foi com certeza o mais violento dos últimos 10 anos, pelo menos. À hora do início do incêndio, por volta das 13h00, já estava muito calor com pouca humidade. Estamos a falar de condições extremas para o combate a incêndios”, notou. As causas do incêndio estão a ser investigadas pela GNR, mas o comandante dos bombeiros adiantou que foram encontrados fios eléctricos caídos e garrafas de vidro no local.
Autarca de Santarém lamenta “estragos significativos”
O presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Leite, classificou como “muito negativos” os estragos provocados pelo incêndio que deflagrou na terça-feira em Alcanede, defendendo punição severa caso se confirme a origem criminosa do fogo. “É sempre um momento muito triste para qualquer território. Foram mais de 200 hectares ardidos, com danos num anexo de habitação e numa exploração pecuária onde morreram cerca de 350 animais”, afirmou João Leite, sublinhando que a Polícia Judiciária está a investigar o caso desde o início.
O autarca destacou ainda a actuação “determinante” da Protecção Civil e das forças de intervenção no terreno, incluindo a GNR e os bombeiros, que enfrentaram condições climatéricas “muito adversas”, com vento forte e baixa humidade. “Foi uma mobilização exemplar, com mais de 430 operacionais no terreno”, referiu. João Leite salientou também o papel do aeródromo municipal, recentemente requalificado com um investimento superior a 300 mil euros, que permitiu a rápida intervenção de meios aéreos, incluindo aviões de asa fixa e um helicóptero.