Ranchos do concelho da Chamusca pagam para dançar

Vários ranchos folclóricos do concelho da Chamusca recebem um apoio anual do município, mas essa verba é gasta em duas ou três deslocações, uma vez que o município quase nunca tem transporte disponível. Dirigentes partilham com O MIRANTE que desta forma é muito difícil manter as associações com uma actividade regular.
Muitos ranchos folclóricos do concelho da Chamusca fazem das tripas coração para manter uma actividade cultural regular e pagar as despesas que implicam as saídas para fora do concelho, muitas vezes com viagens de mais de 500 quilómetros, ida e volta. As associações recebem um apoio anual do município da Chamusca que não chega aos dois mil euros, mas essa verba é gasta ao fim de uns meses, uma vez que as colectividades são obrigadas a pagar a maioria das deslocações que realizam. Alguns dirigentes explicam a O MIRANTE que preparar as saídas dos elementos tornou-se um tormento porque nunca sabem com o que podem contar em termos de transporte da autarquia, uma vez que raramente há condutores ou viaturas disponíveis.
Recentemente, no mês de Julho, o Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo e o Rancho Folclórico “Os Camponeses” da Carregueira realizaram uma saída para um festival em Barcelos e tiveram de pagar do próprio bolso todas as despesas. No caso da associação da Carregueira foram obrigados a alugar um autocarro por mais de 1000 euros, uma vez que o município lhes disse que não havia motoristas disponíveis para realizar o transporte. Um dirigente da associação explica ao nosso jornal que em Fevereiro deste ano já tinham feito todas as requisições de transporte ao município, mas que é sempre uma incógnita se vão ter os pedidos satisfeitos. No caso da colectividade da Chamusca, os elementos dividiram-se por várias viaturas, tendo gasto perto de mil euros no total entre todos para se deslocarem até Barcelos.
No caso do Rancho Folclórico e Etnográfico do Pinheiro Grande o cenário é praticamente o mesmo. Um elemento do grupo explica ao nosso jornal que o município lhes cede cerca de 30 horas de deslocações, um valor francamente reduzido tendo em conta que participam em festivais no Algarve e no norte do país. Com cerca de meia centena de elementos, preparar uma saída é uma aventura em termos logísticos. “Nunca sabemos com o que podemos contar. Uma semana antes dos festivais ainda estamos a fazer contas e a ver como é que lá vamos chegar”, conta o dirigente da associação que realiza mais de uma dezena de actuações por ano.