O mestre Manuel Ferreira, de Santarém, que vai levar o bunho a Osaka no Japão

Conhecido como o “mestre do bunho”, Manuel Ferreira vai estar em Osaka, no Japão, durante vários dias a ensinar esta técnica ancestral. Natural de Santarém, trabalha com bunho há mais de três décadas e já percorreu o mundo a mostrar a sua arte
Aos 70 anos, Manuel Ferreira prepara-se para representar Portugal na Expo de Osaka 2025, este mês de Agosto, levando consigo várias peças em bunho e uma pequena oficina interactiva. Natural de Santarém, onde vive e trabalha, é um dos últimos artesãos a dominar esta técnica ancestral, que combina resistência, estética e persistência. É no seu espaço de trabalho que tudo ganha forma. O chão está coberto de varas finas e palha seca, prontas a serem transformadas. Há cadeiras em diferentes estados de construção, ferramentas penduradas nas paredes e uma mesa coberta por um pano vermelho onde repousam agulhas, facas e uma pequena tábua. É ali, entre o caos organizado dos materiais e o silêncio das mãos, que Manuel molda o seu ofício.
Foi em 1989 que tudo começou, num curso de formação profissional que julgava ser sobre madeira. O nome “mobiliário” soava familiar e a promessa de um subsídio para montar uma oficina parecia suficiente. Mas, ao chegar ao antigo Campo da Feira, em Santarém, encontrou um mestre sentado num banco de bunho. A madeira era o seu território, mas o bunho impôs-se como uma nova linguagem e tornou-se o centro da sua vida. “Pensava que era mobiliário em madeira, mas quando cheguei lá estavam montes de bunho empilhados. Fiquei, fui ficando… e ainda hoje trabalho com isto”, conta Manuel.
Texto desenvolvido na próxima edição de O MIRANTE.