Sociedade | 16-08-2025 18:00

USF modelo C em Azambuja em risco de cair antes de arrancar

USF modelo C em Azambuja em risco de cair antes de arrancar
José Manuel Franco, presidente da direcção da Cerci Flor da Vida de Azambuja - foto O MIRANTE

Cerci de Azambuja manifestou interesse junto da tutela para estabelecer uma parceria para uma Unidade de Saúde Familiar modelo C. Mas refeitas as contas, ao fim de alguns meses, a instituição diz que o pacote financeiro é curto para tanta despesa. No concelho de Azambuja, 91% da população não tem médico de família.

Foi anunciada e dada como garantida, nesta fase de campanha eleitoral, pelo Partido Socialista que governa a Câmara de Azambuja, mas a nova Unidade de Saúde Familiar (USF) modelo C em Azambuja está em risco de não avançar. Quem o diz é José Manuel Franco, na qualidade de presidente da direcção Cerci Flor da Vida de Azambuja, a instituição que fez uma manifestação de interesse junto do Ministério da Saúde, no início do ano, mostrando-se disponível para estabelecer um acordo de parceria.
O objectivo era claro: melhorar o acesso aos cuidados de saúde primários dos cerca de 18.700 utentes do concelho de Azambuja onde, actualmente, há apenas um médico de família e 91% da população não tem um clínico atribuído. E, além desta unidade, que se previa arrancar em Janeiro de 2026 com quatro médicos e ir avançando até aos 10, manter-se-ia, em simultâneo, o projecto Bata Branca, também gerido pela Cerci e que tem sido a tábua de salvação para os utentes sem médico de família.
No entanto, explica a O MIRANTE José Manuel Franco, o modelo de financiamento que é conhecido pela Cerci não garante condições para que possa avançar com a USF modelo C, por não ser capaz de cobrir as despesas que uma unidade dessas iria acarretar. “Os encargos com o corpo clínico aumentaram desmesuradamente, porque o que acontece hoje é que as unidades modelo B nivelaram [o valor de vencimento dos médicos] por cima. E os médicos vão para as USF modelo C mas querem nivelar pelas unidades modelo B”, afirma, reiterando: “face ao que é do nosso conhecimento, não temos condições de avançar”.

Financiamento do Estado não chega para as despesas
Depois de várias reuniões com a Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo, onde, conta, chegaram a estar outras instituições interessadas em avançar com o modelo mas que já saíram de cena, neste momento, sem uma actualização ao modelo de financiamento, também a Cerci de Azambuja irá pelo mesmo caminho. “Já saíram os outros e nós também já estamos à porta”, reitera o dirigente, sublinhando que a Cerci não pode “assegurar um serviço que não é da sua responsabilidade” e vir a ter, com isso, prejuízo.
“Fomos informados que havia uma revisão por parte do Ministério da Saúde relativamente a este programa de financiamento e assinatura do acordo de cooperação, mas ainda não nos chegou à mão”, diz ao nosso jornal, lembrando que a Cerci tem e mantém o compromisso de assegurar o Bata Branca até 31 de Dezembro. Um projecto que, segundo o último relatório de contas, deu um prejuízo de mais de 20 mil euros à instituição que se dedica, de génese, ao apoio de pessoas com deficiência.
“A instituição só queria ter resultado zero e não está a ter. Está a ter um resultado negativo e isto não pode continuar. A instituição não tem que dar lucro, porque é sem fins lucrativos, mas também não pode acumular prejuízos e está a ter prejuízos na Saúde”, lamenta o dirigente.
José Manuel Franco avança ainda que o actual executivo socialista que gere a Câmara de Azambuja se disponibilizou para “dar um contributo para viabilizar essa unidade, nomeadamente a nível das instalações”, que seriam as do Centro de Saúde de Azambuja. Mas isso só não basta, garante, reiterando que o modelo de financiamento precisa de ser ajustado ao panorama actual pelo Ministério da Saúde. Até porque, além dos recursos humanos, todos os consumíveis, desde a parte informática, a medicamentos, desinfectantes e todo o material indispensável ao normal funcionamento da USF ficariam a cargo da instituição.

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