USF de S. Domingos critica calor numa altura em que câmara está a resolver problemas de climatização

Há um ano e meio responsável pelas instalações na área da saúde, a Câmara de Santarém já tem um projecto para melhorar a Unidade de Saúde Familiar (USF) de S. Domingos e meter o sistema de climatização AVAC a funcionar em todo o edifício, após mais de uma década inactivo. É por isso que o comunicado da coordenadora da unidade a aconselhar as pessoas a levarem água, na véspera em que a autarquia instalou um aparelho de ar condicionado na sala de espera, caiu mal. O presidente da câmara diz mesmo que parece que não há verão há 10 anos.
A Câmara de Santarém vai colocar um novo sistema AVAC de climatização na Unidade de Saúde Familiar (USF) de S. Domingos perante o “desinvestimento de mais de uma década”, estando a ser preparado o concurso para o investimento de 500 mil euros que contempla a requalificação do edifício. A informação, em jeito de crítica, é do presidente da autarquia, que só há cerca de um ano e meio passou a ter por delegação de competências a responsabilidade das instalações da saúde, viaturas e agora também os assistentes operacionais. A informação, em jeito de crítica, surge quando questionado por O MIRANTE na sequência de um comunicado da coordenadora da USF a dizer para os utentes levarem água e roupas leves e culpando as entidades competentes por não haver ar condicionado.
Curiosamente o comunicado de Francia Carrasco surgiu na véspera da montagem de um ar condicionado fixo na sala de espera, que já estava previsto e agendado para 7 de Agosto, com o conhecimento da coordenadora. O vice-presidente da câmara, que tem o pelouro da saúde, sublinha a O MIRANTE que enviou para a responsável da unidade o projecto de obras. Alfredo Amante realça que desde a primeira hora que a câmara foi confrontada com os problemas relacionados com o calor no espaço que tem tentado colmatar a situação até que os trabalhos sejam realizados. João Leite assume um tom sarcástico dizendo que parece que nos últimos 10 anos não houve Verão, para salientar a falta de investimento que se arrastou até a câmara ter aceitado as competências na saúde.
No ano passado, confirma Alfredo Amante, que tem acompanhado este processo desde o início, o município adquiriu 13 aparelhos de ar condicionado portáteis para melhorar as condições. O autarca reconhece que esta solução não é a ideal, mas é a adequada, atendendo a que o edifício vai entrar em obras. Já quanto à sala de espera, que era a que oferecia maiores dificuldades, optou-se por instalar um aparelho fixo por ser a zona mais difícil de refrescar e que este só não tinha sido montado antes por dificuldades de disponibilidade de técnicos credenciados para este tipo de instalação.
A USF de S. Domingos tinha sido dotada aquando da sua construção de um sistema AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) que é mais eficiente e criando um ambiente mais saudável, reduzindo a presença de bactérias, mofos e fungos, permitindo ainda reduzir os consumos energéticos. Só que este só funcionou nos primeiros quatro anos e a partir daí ninguém mais se preocupou em resolver a situação. A intervenção nesta unidade insere-se num pacote financeiro de dois milhões de euros, financiados na totalidade pelo PRR - Plano de Recuperação e Resiliência. Alfredo Amante lembra que a falta de climatização em unidades de saúde é transversal ao país e que Santarém está a resolver essa situação, realçando que todas vão ser sujeitas a intervenções. O vice-presidente conclui dizendo que a cidade precisa de um novo centro de saúde e que o Governo tem de ter essa preocupação em conjugação de esforços com o município.
O comunicado e a enfermeira que usou Marcelo para criticar
A coordenadora da Unidade de Saúde Familiar de São Domingos, emitiu um comunicado na quarta-feira, 6 de Agosto, a aconselhar os utentes a levarem garrafas de água e roupa leve para enfrentarem o calor que se faz sentir no edifício, devido ao facto de a climatização não estar a funcionar. Francia Carrasco foi mais longe, dando a entender a inoperância das entidades do sector e do município ao dizer que apesar das “sucessivas comunicações dirigidas às entidades competentes, o sistema de climatização permanece inoperacional”. A mesma comunicação dizia que tinha sido solicitado com urgência a colocação de um aparelho de ar condicionado na sala de espera, que o município diz agora que já estava previsto instalá-lo no dia seguinte.
Há dois anos, uma brincadeira de uma enfermeira nas redes sociais virou notícia, quando esta, para criticar a falta de ar condicionado nas instalações, recorreu a uma imagem da televisão em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, faz uma cara de admirado. Ana Rita Batalha colocou duas legendas em cima da foto que diziam “hoje estão 40º em Santarém”; “e sem AC na USF S. Domingos”. Na altura o então director do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria (organismo extinto com a criação das Unidades Locais de Saúde) Hugo de Sousa, garantia a O MIRANTE que a Administração Regional de Saúde estava a tratar de adquirir mais ares condicionados portáteis e previa a resolução de todos os problemas de climatização na zona da Lezíria do Tejo em 2024 no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Coordenadora chamada à administração da ULS e o ar condicionado encaixotado
A coordenadora da USF de S. Domingos foi chamada à administração da Unidade Local de Saúde da Lezíria por causa do comunicado onde dizia que apesar das “sucessivas comunicações dirigidas às entidades competentes, o sistema de climatização permanece inoperacional”, aconselhando os utentes a levarem garrafas de água e roupa leve para enfrentarem o calor. Segundo apurou O MIRANTE a comunicação de Francia Carrasco não foi bem vista pelos seus superiores alegadamente por questões éticas, desconhecendo-se ainda qualquer medida tomada em relação à médica. O MIRANTE também soube que a coordenadora da unidade manteve um ar condicionado portátil, enviado pela autarquia, dentro da caixa durante um mês sem ser utilizado. Situação que ocorreu porque era necessário fazer uma abertura num vidro para colocar o tubo que faz a extracção do ar interior.