O regresso mais aguardado às origens na Festa do Emigrante em Freixianda

Festa do Emigrante realizou-se no Largo Juvêncio Figueiredo, em Freixianda, concelho de Ourém. O evento é organizado pela secção local dos Bombeiros Voluntários de Ourém e respectiva Liga de Amigos. O MIRANTE acompanhou os preparativos da festa e conversou com um representante da organização e alguns emigrantes.
Um verdadeiro reencontro é o que se vive todos os anos, em Agosto, na vila de Freixianda, concelho de Ourém, durante a Festa do Emigrante que voltou a realizar-se no Largo Juvêncio Figueiredo, contando com uma grande adesão de público. Organizado pela secção local dos Bombeiros Voluntários de Ourém e respectiva Liga de Amigos, o evento marca o calendário anual do concelho e todas as receitas revertem para os Bombeiros de Freixianda. O MIRANTE acompanhou os preparativos da festa e conversou com Jorge Santos, presidente da Liga dos Amigos da secção de Bombeiros de Freixianda, e com dois emigrantes.
Jorge Santos, 51 anos, vem de Leiria, mas está a morar em Freixianda há seis anos, altura em que se casou. Actualmente está divorciado e é pai de três filhos. Já foi contabilista, teve uma passagem pela rádio, e prestou serviço de socorro na Cruz Vermelha de Leiria. Actualmente é profissional dos Bombeiros na área das telecomunicações em Ourém. Jorge Santos está também muito ligado à vida associativa, colaborando com diferentes associações. É presidente da Liga dos Amigos da Secção de Bombeiros de Freixianda há seis anos e explica que a Festa do Emigrante, com 12 anos de actividade, é uma forma única de reunir amigos que estão mais afastados durante o ano. Conta que foi um grupo de bombeiros que teve a ideia de criar a festa, com o objectivo de dar as boas-vindas à comunidade emigrante e angariar algum dinheiro para a corporação, não só para investir nas instalações, como também em equipamentos. Ao todo são 75 pessoas que colaboram na organização da festa, desde bombeiros, associações, entre outros. A festa tem a duração de um dia, contando com um jantar e actuações musicais.
França é o país com mais emigrantes de Freixianda
Uma grande parte da população de Freixianda está emigrada, sendo França o país onde está a maior comunidade, seguido de Estados Unidos, Canadá e Luxemburgo. Os emigrantes não faltam à Festa do Emigrante, que se realiza sempre no início de Agosto. É o exemplo de Marco Ferreira, 27 anos, que está a trabalhar em França há oito anos. Concluiu o 12º ano de escolaridade em Ourém, ainda trabalhou um ano como electricista nas obras, mas decidiu mudar de país à procura de melhores condições de vida. Assume que a sua adaptação foi relativamente boa porque tinha lá família: “deram-me casa no início, eu também já falava francês, o que ajudou”, refere. Em França trabalha numa fábrica automóvel, voltando sempre a Freixianda quando tem férias. Confessa que gostava de voltar em definitivo para Portugal, sendo esse um objectivo para o futuro. Sobre a Festa do Emigrante, não poupa elogios e é uma presença assídua: “já tenho amigos que vêm de França de propósito só para a festa, é um momento único no ano onde podemos juntar toda a gente de Freixianda”, afirma, com um sorriso.
Mário Martins, 80 anos, também esteve emigrado em França. Casado e pai de três filhos, esteve 63 anos no estrangeiro. Com a reforma mudou-se para Freixianda, continuando a deslocar-se com regularidade a França, onde estão a morar os seus filhos. Trabalhou toda a vida nas obras, tendo completado apenas o quarto ano de escolaridade. Emigrou novo, com apenas 17 anos de idade, à procura de uma vida melhor. “A minha ideia sempre foi ir trabalhar para França para conseguir construir uma casa em Freixianda e constituir aqui família, e assim aconteceu”, conta, com orgulho. A festa, para si, é uma boa oportunidade para juntar o povo, mas também para ajudar os bombeiros, refere.
A freguesia de Freixianda, que inclui Ribeira do Fárrio e Formigais, conta com mais de 3.600 habitantes. A população tem aumentado ligeiramente e tem disponíveis cada vez mais serviços. A população defende que a localidade está a evoluir, mas que falta mais habitação e emprego.