Constância tem fechado praia não por poluição, mas por causa da cunha salina

A necessidade de evitar a subida da água salgada no rio Tejo a 70 quilómetros a jusante de Constância, já obrigou este Verão a fechar algumas vezes a praia fluvial da vila, no Zêzere. Há quem especule sobre poluição. Mas o presidente da câmara, Sérgio Oliveira, diz que a qualidade da água é boa, controlada por análises e que interditar a zona balnear apenas tem a ver com as correntes devido às descargas de barragens.
Este Verão a praia fluvial de Constância tem estado interditada várias vezes a banhos, mas nada tem a ver com questões de poluição, mas sim com a necessidade de se controlar a cunha salina no rio Tejo a cerca 70 quilómetros a jusante. O presidente da Câmara de Constância garante que a água da praia é de qualidade, atestada por análises, que não se registam focos de poluição. Sérgio Oliveira esclarece e que os nadadores-salvadores hasteiam a bandeira vermelha, por precaução de segurança, quando é necessário aumentar o caudal para impedir a subida de água salgada na zona de Vila Franca de Xira o que prejudica a agricultura nos campos da Lezíria.
Uma das situações mais recentes de fecho da praia, na margem esquerda do Zézere, que na vila conflui com o Tejo, foi no dia 12, mas já tinha havido outros casos, o que levou a que se especulasse sobre descargas poluentes. O que acontece, esclarece o autarca, é que quando há descargas das barragens com os caudais muito baixos, a corrente arrasta terras e poeiras que se foram acumulando formando uma espuma com tom acastanhado que as pessoas confundem com descargas poluentes.
Segundo o autarca a praia é fechada essencialmente por causa das correntes resultantes do aumento do caudal, que provocam redemoinhos, que podem tornar-se perigosos para os banhistas. Sérgio Oliveira garante que depois de resolvida a situação relacionada com a ruptura de um emissário de esgotos domésticos da vila, que estava a afectar o Tejo, não há mais registos de poluição e considera que não há risco de novos episódios de poluição por causa da conduta. O autarca sublinha que o controlo da qualidade da água é da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que faz análises regulares. Em paralelo a autarquia também manda fazer análises regulares intercalares com as oficiais da APA no laboratório A-Logos.
A cunha salina é a intrusão de água salgada marinha no estuário do rio, que tem sido motivo de preocupação ambiental, mas sobretudo para os agricultores da zona da Lezíria porque pode pôr em causa as culturas. Uma das soluções mais viáveis para controlar esta cunha salina está prevista no Projecto Tejo, que surgiu da iniciativa de privados, dos donos da Lagoalva, em Alpiarça, com a construção de um açude na zona de Azambuja. O projecto, cujos investimentos dependem do empenhamento do Estado, pretende fazer várias intervenções Abrantes a Vila Franca de Xira para armazenamento da água do Tejo, com vertentes de desenvolvimento agrícola, lazer e turismo, abastecimento urbano e industrial e preocupações ambientais e de navegabilidade.