Câmara da Chamusca sem interlocutores para resolver problemas do novo centro de saúde

Um ano e meio após a inauguração do novo Centro de Saúde da Chamusca, que demorou seis anos a construir, o município ainda não tomou posse do imóvel. Para além disso, o presidente da autarquia diz que a gestão da unidade está comprometida, uma vez que não existem dados dos funcionários.
Depois de uma novela que durou cerca de seis anos, o novo Centro de Saúde da Chamusca, uma obra que gerou polémica devido à sua demora e localização, continua a dar que falar. A Câmara Municipal da Chamusca, um ano e meio após a inauguração do espaço, ainda não tem a posse do imóvel e aparentemente a gestão da unidade também está comprometida, uma vez que não existem dados dos funcionários, o que torna impossível fazer uma ficha individual de cada um. A informação foi partilhada em sessão camarária, que se realizou a 5 de Agosto, pelo presidente do município, Paulo Queimado.
“Não temos ainda a posse do imóvel, embora já estejamos a suportar todos os encargos. Já trocámos vários emails com a Unidade Local de Saúde (ULS) da Lezíria. O edifício está na posse da Administração Regional de Saúde (ARS) (…). Não temos dados de funcionários e por isso não conseguimos fazer a ficha individual. Não podemos ficar com o ónus da má gestão, quando não temos culpa nenhuma disso. Esta situação está no vazio”, disse.
Paulo Queimado disse ainda que se a situação não ficar resolvida o município pondera reverter a transferência de competências na área da Saúde. “Se não resolverem a situação muito rapidamente ponderamos reverter a situação da transferência de competências na área da Saúde”, disse. Uma medida muito difícil de implementar, tendo em conta que o protocolo com o Governo já foi assinado há cerca de um ano e até hoje não se conhecem casos em que tenha sido revertido.
Recorde-se que o novo Centro de Saúde da Chamusca foi inaugurado depois de meses de constrangimentos e impasses. A obra, que foi anunciada com pompa e circunstância há sete anos, permite servir oito mil utentes, sendo que mais de metade não tem médico de família. A unidade envolveu um investimento de dois milhões de euros e foi inaugurada a 26 de Março. A construção do edifício começou a ser pensada de forma mais detalhada em 2018 quando o presidente da câmara, Paulo Queimado (PS), decidiu colocar um outdoor junto ao local da obra a anunciar o projecto e a data prevista para a sua inauguração. Um dos projectos é de final de 2019, com um investimento total estimado de cerca de 1,3 milhões de euros, um valor ainda assim muito superior ao inicialmente previsto caso a construção tivesse começado em 2018. O custo total acabou por se situar nos dois milhões de euros, dos quais 1,8 milhões foram financiados pela Administração Regional da Saúde (ARS) e 200 mil euros comparticipados pelo município da Chamusca, que também cedeu o terreno e o projecto técnico da obra. Nos primeiros anos após o anúncio da construção o município lançou vários concursos públicos para a realização da empreitada que ficaram desertos.