Famílias desesperadas com falta de resposta para crianças com necessidades educativas especiais

Crianças com necessidades educativas especiais podem ficar sem acesso a resposta de ensino público já no próximo ano lectivo. Cerci de Azambuja continua a tentar evitar o encerramento, mas tal só será possível se o Ministério da Educação garantir financiamento adequado, diz o dirigente.
Mais de uma dezena de crianças e jovens com necessidades educativas especiais, de Azambuja e concelhos limítrofes, estão em risco de não ter uma resposta de ensino público adequada no próximo ano lectivo e as suas famílias estão desesperadas. Desde que a Cerci de Azambuja anunciou que não tem condições para continuar a assegurar a valência socio-educativa por falta de apoio financeiro da administração central adequado às despesas que acarreta, as famílias têm procurado alternativas, mas sem sucesso. “Estas famílias estão desesperadas e isso é um grande motivo de preocupação. E por elas estarem desesperadas, e por nós sabermos da pertinência que existe de assegurar um projecto educativo de uma escola deste cariz, continuamos a disponibilizar aquilo que temos e a pedir aquilo que é da responsabilidade da Educação”, refere a O MIRANTE o presidente da direcção da Cerci de Azambuja, sublinhando que tem insistido junto da tutela a necessidade de revisão da portaria, que data de 1997 e regulamenta as verbas destinadas à valência.
José Manuel Franco lamenta que o Ministério da Educação nunca se tenha preocupado “em saber se a instituição precisa de um fraldário, uma cama ou cadeira adaptada” para algum aluno e que se tenha limitado a criar “um mecanismo de financiamento”, insuficiente aos dias de hoje, para uma resposta que é do ensino público obrigatório. E que exige à Cerci que tenha “professores, terapeutas, ajudantes de acção directa e instalações adaptadas, que incluem fraldários, banhos e acessibilidades”.
O dirigente, que tem vindo a alertar para a possibilidade de encerramento da valência caso a tutela não reveja a portaria com 28 anos, revela que a Cerci tem suportado uma parte das despesas com esta resposta que garantia o ensino a 15 utentes com necessidades educativas especiais. “O Ministério da Educação não precisa que a Cerci esteja a financiar um terço daquela escola. De uma escola para crianças que são prioritárias”, vinca, lembrando que a instituição já passou por dificuldades que colocaram em risco a sua continuidade e que quem a dirige tem de “fazer contas” para evitar a queda num novo fosso financeiro. “Nós temos feito tudo o que está ao nosso alcance, tendo em atenção aquelas crianças e aquelas famílias. Já fomos a duas reuniões a Lisboa, com a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e foi combinado haver trabalho das duas partes, mas ainda não chegou nada de novo”, lamenta.
Dos 15 alunos que frequentavam esta resposta quatro vão ser acolhidos na instituição por terem atingido a idade para frequentar o Centro de Actividades e Capacitação para a Inclusão (CACI). No entanto, salienta, há outras famílias a procurar vaga para as suas crianças.