Arquivo da Chamusca é uma obra faraónica que ainda ninguém sabe para o que serve

Obra, que levou PJ aos Paços do Concelho, derrapou no tempo, ficou muito mais cara e ninguém sabe quando vai ser inaugurada. Novo arquivo histórico e municipal da Chamusca vai custar perto de dois milhões de euros.
A obra do novo Arquivo Municipal da Chamusca está perto de completar dois anos desde o seu início, mas ainda ninguém sabe ao certo qual vai ser a verdadeira utilidade do espaço. Com um custo superior a mais de 1,5 milhões de euros, a autarquia presidida por Paulo Queimado ainda não tem garantido financiamento comunitário para a empreitada o que, a verificar-se, pode constituir um rombo nos cofres do município.
A falta de transparência em relação à obra do arquivo municipal teve vários capítulos, que demonstraram a aparente pouca vontade do executivo em falar do projecto. Durante meses, a vereadora da oposição Gisela Matias (CDU) esperou por documentos e plantas depois da aprovação do projecto, situação que motivou muitas queixas da autarca. Entretanto passaram-se meses e o projecto deixou de ser tema de debate frequente, o que faz com que continue no “segredo dos deuses”, ao ponto de ainda nem sequer se saber quando vai ser inaugurada.
A polémica à volta da construção do novo arquivo da Chamusca atingiu o seu ponto mais alto depois de ter sido tornado público que um dos edifícios, antigo e degradado, onde vai ficar o arquivo, ter sido comprado, por 80 mil euros, ao ex-vereador socialista Manuel Romão, uma decisão polémica e que causou grande surpresa no meio chamusquense. Esta situação terá levado a Polícia Judiciária ao edifício da câmara para recolher informações. Curiosamente, o anúncio da compra do prédio ao vereador foi feito precisamente na reunião de câmara em que Manuel Romão participou pela primeira vez em regime de substituição do vereador Rui Ferreira, por este se encontrar de férias.
Uns anos depois, a Câmara Municipal da Chamusca entregou a construção do novo arquivo à empresa Joaquim Fernandes Marques & Filho, localizada em Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra. A obra vai custar mais meio milhão do que estava inicialmente previsto. O programa de concurso publicado em Diário da República descreve o Arquivo Municipal da Chamusca como tendo “características museológicas, o qual contém salas de trabalho e de tratamento de peças para exposição ou para o arquivo, que fará cumprir as exigências impostas para imóveis com estas características permitindo assim que este desempenhe eficazmente as suas funções e se assuma, localmente, como uma referência, apostando na qualidade estética, ambiental e funcional”.