Câmara de Tomar quer classificação do fabrico de talhas na Asseiceira

A vice-presidente da Câmara de Tomar referiu que o fabrico de talhas de barro vermelho da freguesia de Asseiceira tem cerca de três séculos de existência, afirmando que merece ser preservado e valorizado. Proposta foi aprovada por unanimidade.
O executivo da Câmara Municipal de Tomar aprovou por unanimidade a proposta para classificação do fabrico de talhas da freguesia de Asseiceira como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal. Na apresentação, a vice-presidente e vereadora Filipa Fernandes (PS) explicou que o fabrico das talhas de barro vermelho de Asseiceira tem cerca de três séculos de existência, afirmando que merece ser preservado e valorizado. “Trata-se de um saber fazer artesanal enraizado na nossa tradição popular e a nossa classificação deve-se à questão do valor cultural e histórico. O fabrico de talhas representa uma memória viva da comunidade rural do concelho de Tomar”, sublinhou.
A autarca acrescentou que a proposta tem também um carácter de urgência e salvaguarda, referindo que o número de artesãos que trabalham essa técnica encontra-se em declínio. Filipa Fernandes destacou também o potencial educativo e turístico da classificação. “Queremos fazer a valorização e a divulgação desta prática para ter reflexos práticos na área do turismo cultural e uma promoção de identidade local e de autenticidade do município”, frisou. Foi também revelado que o município está a trabalhar na reabilitação da escola de Charneca da Peralva, que irá servir para uma futura escola de olaria, um museu de olaria e também para um encontro de artesãos locais. Está ainda a ser preparado um livro sobre olaria, mais focado no território de Paialvo. A proposta vai ser presente à Assembleia Municipal de Setembro para efeitos de apreciação e concordância.
Recorde-se que, em 2023, O MIRANTE conversou com José Miguel Figueiredo, um dos únicos talheiros no activo e proprietário da Casa das Talhas, em Asseiceira, por ocasião do Dia do Trabalhador. José Miguel Figueiredo contou que saiu da escola com 12 anos e aos 13 fez a sua primeira talha de barro na antiga olaria do pai. O oleiro explicou como funciona o processo de fabrico das talhas de barro vermelho. “O barro está cerca de um ano a fazer a sua própria cura. Depois leva água e passa num processo de três a quatro máquinas até ficar pronto para o trabalharmos. A partir daí é pegar nele e é só mãos, não há mais máquina nenhuma”, disse. José Miguel Figueiredo disse que muitas vezes recusa trabalho por não conseguir dar conta de tanta procura.