Sociedade | 09-09-2025 07:00

Associação de Caçadores de Carnota alerta para dificuldade em controlar javalis

Associação de Caçadores de Carnota alerta para dificuldade em controlar javalis
Pedro Esteves defende mais apoios para os caçadores controlarem a população de javalis - foto DR

Associação de Caçadores de Carnota alerta para o aumento da população de javalis no concelho de Alenquer, que provoca estragos na agricultura e junto a habitações. Estudos indicam que a população cresce cerca de 40% ao ano, tornando a sua gestão difícil. O controlo exige recursos especializados e comporta elevados custos, tornando a caça e o acompanhamento da população complexos e incertos.

A freguesia de Carnota, no concelho de Alenquer, tem sido uma das mais afectadas com o aumento da população de javalis. Os animais têm causado estragos na agricultura, aparecido junto a habitações e provocado alguns acidentes rodoviários. Existem relatos de avistamentos na zona da Quinta do Leão e na estrada que vai do Casal das Balas à Serra.
Os últimos dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indicam uma sobrepopulação de javalis em Portugal, estimada em cerca de 300 mil exemplares. Para controlar esta situação, o ICNF tem implementado medidas como a divulgação de editais que permitem a caça para correcção de densidades, incluindo o aumento da taxa de abate e a autorização para caça de espera em diferentes períodos do ano.
No entanto, as medidas não são suficientes, porque os caçadores não têm recursos materiais e financeiros suficientes para fazer face ao problema, conforme explicou a O MIRANTE Pedro Esteves, vice-presidente da Associação de Caçadores de Carnota. “A caça exige grandes recursos. Cada montaria necessita de várias matilhas de cães, entre 150 a 200 animais, e equipamentos especializados, como carabinas e miras de visão nocturna, cujo custo inicial pode chegar aos dois mil euros. Mesmo assim, os resultados são incertos, e muitas vezes as montarias terminam sem abater nenhum animal”, explica.

População cresce 40% ao ano
O caçador aponta para os estudos do ICNF, da Universidade de Aveiro e do Clube Português de Monteiros, que indicam que a população de javalis cresce cerca de 40% ao ano. Para manter o controlo, os caçadores deveriam abater pelo menos 30% dos animais existentes, mas a tarefa é complexa devido à movimentação nocturna e à densidade do mato, como acontece no concelho de Alenquer. Além disso, a circulação dos javalis por várias freguesias e concelhos torna difícil a gestão da população, aumentando o impacto nas culturas agrícolas.
“Há queixas de agricultores que são efectivamente prejudicados, mas que não colaboram, não estão dispostos a assumir qualquer custo para reduzir o problema. Não é que tivessem de pagar para caçar, mas sim apoiar aqueles que têm licença para o fazer”, lamenta Pedro Esteves.

Questionado sobre medidas alternativas, o caçador afirma que não existem soluções fáceis. O que poderia alterar o cenário seria o aumento dos apoios ou métodos de caça estáticos, como armadilhas, solução que o caçador não defende. Assim, a Associação de Caçadores de Carnota restringe a caça a dez noites de lua cheia, permitindo alguma igualdade entre quem tem meios técnicos e quem não tem. “Dos 80 associados da associação, cerca de 15 tem cevadouros e fazem esperas noturnas para tentar abater os javalis. Os restantes associados, sem recursos, não conseguem caçar com a mesma eficácia, o que justifica a necessidade de limitar as montarias a períodos específicos para garantir igualdade de oportunidade entre todos”, diz.

Antigamente havia uma componente de vaidade ou competitividade entre caçadores, mas hoje a situação é diferente. A espera é desgastante, exige muitas horas, tempo à família e nem sempre traz resultados. “Não conseguimos abater javalis ao ritmo a que eles se reproduzem e, quando colocamos alimentos para os atrair e conseguirmos abater alguns, as pessoas dizem que os estamos a alimentar e a chamar, mas se não for assim não o conseguimos”, explica Pedro Esteves.

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