Sociedade | 09-09-2025 15:00

Joaquim Júlio junta o fado e o humor há quase quatro décadas

Joaquim Júlio junta o fado e o humor há quase quatro décadas
Joaquim Júlio Lopes - foto O MIRANTE

Joaquim Júlio, natural de Azambuja, é um dos raros fadistas humorísticos em Portugal, com quase quatro décadas a aliar o fado ao riso. No domingo, 7 de Setembro, amigos e colegas prestam-lhe homenagem no Centro Social Cultural e Recreativo de Vale da Pedra, celebrando a sua longa carreira e amizade.

Na tarde de domingo, 7 de Setembro, pelas 16h00, o Centro Social Cultural e Recreativo de Vale da Pedra será palco de uma homenagem especial ao fadista humorístico Joaquim Júlio Lopes, ou simplesmente JJ, como é tratado pelos amigos. Conhecido pela forma única como mistura o fado com o humor, transformou palcos em lugares de gargalhada e boa disposição, afirmando-se como um dos raros fadistas humorísticos portugueses ainda em actividade.
Natural de Virtudes, concelho de Azambuja, o fadista conta a O MIRANTE que a sua relação com o fado não foi imediata. Quando era novo “até detestava o fado”, mas hoje quando ouve uma guitarra até lhe vêm as lágrimas aos olhos. Descobriu a sua vocação quando decidiu escrever letras próprias, adaptando melodias tradicionais a histórias cómicas. O risco valeu a pena, pois hoje, aos 68 anos, soma quase quatro décadas a fazer rir plateias de norte a sul. “Comecei a cantar o fado sério, mas sempre tive jeito para o humor e percebi que não queria estar sempre a repetir os mesmos fados, então aventurei-me neste subgénero”, afirma.
Para Joaquim Júlio, o fado humorístico é um antídoto ao peso da melancolia, pois “uma noite inteira de fados tristes pode ser demais”, mas quando entra o humor o ambiente muda, havendo pessoas que “nem gostam de fado e vão só porque sabem que se vão divertir”, explica. O seu público é variado e não faltam jovens entre os admiradores, havendo canções como “A minha burra Joana”, que arrancam gargalhadas dos mais novos, provando que o riso não tem idade.
Ao longo da carreira, escreveu uma dezena de letras próprias e gravou até um disco, tendo também uma experiência em grupo, com o Duo Irmãos Lagoa, que não durou muito tempo. Pelo caminho foi conhecendo outros raros companheiros da arte. Um dos projectos que mais notoriedade lhe deu foi a “Taberna do Ti Ernesto”, um espectáculo que recria a atmosfera das antigas tabernas portuguesas, juntando fado, anedotas, folclore e até pequenas encenações cómicas. “É um espectáculo completo”, diz, explicando que a ideia nasceu de uma conversa entre amigos e que subsiste até hoje, passando por vários palcos, inclusive pela televisão.
O ultimato da esposa
que não resultou
A vida de Joaquim Júlio, no entanto, não se resume ao fado. Antes de subir aos palcos trabalhou como vigilante e canalizador, chegando mesmo a criar uma empresa familiar de canalização, mas o fado humorístico, embora nunca fosse financeiramente sustentável, foi sempre a sua verdadeira paixão. Pelo caminho também enfrentou momentos difíceis de saúde e brinca dizendo que já o chamam de “homem das doenças”, sendo na música e nos amigos que encontra força.
A própria família nem sempre entendeu este caminho, tendo a esposa chegado a fazer-lhe um ultimato — ou o fado ou o casamento. A resposta foi directa: “vais ter que arranjar outro marido, porque isto faz parte de mim, é quem sou”, recorda com um sorriso no rosto. A homenagem que agora recebe não foi pedida nem procurada, mas aceita-a com gratidão e o seu típico humor. “Sinto-me feliz, porque é sinal que reconhecem o meu trabalho e é algo feito por amigos. Até digo a brincar que querem fazer-me a homenagem antes que eu morra”, remata com ironia.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1732
    03-09-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1732
    03-09-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1732
    03-09-2025
    Capa Vale Tejo