Sociedade | 12-09-2025 18:00
Retrato social do distrito de Santarém para ajudar no combate à pobreza

Os dados revelados pela infografia social e territorial do distrito de Santarém, apresentado pela Rede Europeia Anti-Pobreza, confirmam evidências recentes e realidades antigas, como a baixa escolaridade de grande parte da população, o crescimento da população escolar muito graças à imigração, a subida galopante do preço da habitação e as disparidades entre vários municípios da região.
A Rede Europeia Anti-Pobreza apresentou publicamente a infografia social e territorial do distrito de Santarém no auditório da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém. Um documento que traça um retrato da região, com dados compilados nos últimos anos, e que deixa pistas para a definição de uma estratégia de combate à pobreza tendo em conta as particularidades de cada território.
O estudo revela que, em 2021, ainda havia 57.731 pessoas sem escolaridade no distrito de Santarém, o que correspondia a uma percentagem de 13,6% do universo populacional abrangido. Uma realidade que, mesmo assim, é menos sombria face a 2011, quando foram registadas 93.278 pessoas nessa condição. Em 2021, com o 1º ciclo do ensino básico havia 100.544 pessoas; com o 2º ciclo eram 46.563; com o 3º ciclo 71.432; com o secundário 90.691; e com curso superior 58.012. A taxa de analfabetismo, em 2021, variava, a nível distrital, entre os 2,1% do Entroncamento e os 8,7% de Coruche (em 2011 era de 14,6%). A média nacional era de 3,1%.
No ano lectivo 2022/2023, havia 7.806 alunos matriculados nos nove estabelecimentos de ensino superior do distrito de Santarém, sendo 1.228 de nacionalidade estrangeira. O fenómeno migratório reflectiu-se também num aumento generalizado de alunos em todos os níveis de escolaridade, o que veio contrariar a tendência, que se vinha verificando nas décadas anteriores, ditada pela baixa de natalidade.
O sector da habitação evidencia também as disparidades entre concelhos do mesmo distrito e confirma o crescimento galopante dos preços. O valor mediano das vendas por metro quadrado (m2) de alojamentos familiares, variava, em 2023, entre os 273€/m2 em Mação e os 1.354€ em Benavente. Em 2017, os valores nesses mesmos concelhos, situados nos extremos norte e sul do distrito, eram mais baixos, de 234€/m2 em Mação e de 726€/m2 em Benavente, neste caso quase metade.
Os dados apurados revelam ainda uma realidade imutável entre 2011 e 2021 no que toca ao ganho médio mensal a nível dos 21 municípios do distrito: Sardoal continuava a ser o concelho com o menor rendimento laboral médio, com 873€, e Constância o que apresentava o maior ganho médio mensal, 1.289€. A disparidade no ganho médio mensal entre sexos, em percentagem, tinha o valor mais baixo no Sardoal (2,8%) e o mais alto em Constância (17,9%), estando a média nacional nos 8,5%. No que toca ao índice de poder de compra, Mação tinha o valor mais baixo em 2021 e Santarém o mais alto.
No respeitante à protecção social, verifica-se que o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) no distrito de Santarém era de 8.301 em 2023, tendo diminuído ligeiramente face a 2022, quando havia 8.368. A descida é mais acentuada se recuarmos até 2011, quando havia 11.948 beneficiários. O valor médio despendido por pessoa foi de 130,51€ e por família de 298,17€.
A pobreza é um problema de todos
Na abertura da sessão, Joaquina Madeira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal, referiu que existem em Portugal cerca de 2 milhões de pessoas em risco de pobreza, sendo um fenómeno que tem vindo a alastrar à chamada classe média. Destacou o documento como um contributo para se tomar consciência desse problema, transversal ao país, e para que possam ser implementadas respostas à medida das particularidades de cada território, referindo que a pobreza não é um problema exclusivo de quem a vive, mas sim um problema da sociedade, sendo um dever do Estado lutar pela sua erradicação.
O director da Escola Superior de Gestão de Santarém, Sérgio Cardoso, e o vereador da Câmara de Santarém, Alfredo Amante, sublinharam a importância o documento como instrumento de trabalho e também o papel que o sector da educação pode e deve ter no combate à pobreza. Durante a sessão que se seguiu à apresentação dos dados, participaram ainda os secretários da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Jorge Simões, da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, António Torres, o coordenador da incubadora Riba, Fernando Castelo Branco, e o professor da Escola Superior de Gestão de Santarém Pedro Oliveira.
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