Associação do Entroncamento critica falta de controlo de colónias de gatos

Voluntários da Associação Abraços de 4 Patas queixam-se de falta de esterilizações e ausência de acompanhamento das colónias de gatos. A Câmara do Entroncamento reconhece o problema de aumento de animais errantes, mas sublinha que a veterinária municipal “não pode fazer milagres”.
Voluntários da Associação Abraços de 4 Patas afirmam que o Programa CED (Capturar, Esterilizar e Devolver) está a perder eficácia no Entroncamento, criticando a actuação da actual veterinária municipal, Ana Filipa Paulo. Em declarações a O MIRANTE, Ana Teresa Santos, voluntária na associação há vários anos, destaca que as esterilizações têm sido reduzidas ao mínimo e que os voluntários estão a assumir responsabilidades que deveriam estar a cargo da veterinária.
O programa CED foi implementado em 2019, através de protocolo entre o município e a Associação Abraços de 4 Patas. A Câmara do Entroncamento assumiu a parte clínica – identificação electrónica, vacinação, desparasitação e esterilização – e a associação ficou responsável pela monitorização e acompanhamento das colónias e de possível encaminhamento para adopção. No entanto, segundo os voluntários, esse equilíbrio perdeu-se nos últimos dois anos. “As esterilizações reduziram-se muito e somos nós, voluntários, que assumimos responsabilidades que deveriam estar a cargo da veterinária”, afirma Ana Teresa, sublinhando que muitas vezes cabe à associação capturar, tratar, comprar medicamentos, levar os animais a clínicas e até comunicar ao município quando aparece algum gato morto.
Ana Teresa recorda que no passado, com outras veterinárias, o programa funcionava melhor e que houve inclusive um ano em que esgotaram a verba destinada às esterilizações. Porém, nos últimos meses nota um retrocesso, agravado pelo aumento dos abandonos de ninhadas, “algumas com bebés a precisar de ser alimentados a biberão”. A voluntária acusa ainda a veterinária de não responder a chamadas quando há alertas sobre animais doentes. Enquanto aguardam soluções, os voluntários dizem sentir que o esforço de anos está a ser posto em causa e pedem uma solução urgente para travar o descontrolo nas colónias de gatos. “Criámos abrigos, legalizámos colónias e conseguimos adoptantes para muitos gatos. Agora parece que voltámos à estaca zero”, desabafa Ana Teresa.
O MIRANTE tentou ouvir a veterinária municipal, Ana Filipa Paulo, mas até à data não obteve resposta.
Município reconhece dificuldades e defende veterinária
Contactada por O MIRANTE, a presidente da Câmara do Entroncamento, Ilda Joaquim (PS), reconheceu o problema do aumento de animais errantes na cidade, mas sublinhou que o mesmo tem origem sobretudo no abandono de animais por parte da população. E referiu que a veterinária tem feito o que pode. “A veterinária está debaixo de uma pressão terrível. Não há resposta possível para esta falta de consciência das pessoas, que abandonam os animais, às vezes às ninhadas”, afirmou.
A autarca explicou que o município tem aumentado o apoio às esterilizações e cuidados de animais de estimação de forma a desincentivar o abandono e que está a preparar uma prestação de serviços com três clínicas veterinárias da cidade, cada uma com capacidade para realizar cerca de 100 esterilizações. O objectivo é que, “já no próximo mês, haja uma redução no número de animais errantes”.