Sociedade | 15-09-2025 21:00

O velho campo da Casa do Povo em Samora Correia é um lugar repleto de memórias

O velho campo da Casa do Povo em Samora Correia é um lugar repleto de memórias
Actual e antigos presidentes do Grupo Desportivo de Samora Correia junto ao novo memorial construído nas imediações do actual centro de saúde da localidade - foto O MIRANTE

O Grupo Desportivo de Samora Correia ergueu um memorial no antigo campo de futebol onde a sua história começou, há meio século. Durante 23 anos foram escritas nesse recinto algumas das páginas mais marcantes da história do futebol do clube.

O velhinho campo de futebol da Casa do Povo, em Samora Correia, voltou a ser palco da história do Grupo Desportivo de Samora Correia. No dia 8 de Setembro, em que o clube completou meio século de existência, foi descerrada uma placa evocativa que perpetua as memórias vividas naquele espaço, onde o clube jogou entre 1975 e 1998. O acto simbólico juntou antigos dirigentes, atletas e adeptos, com a honra do gesto a caber a um dos mais antigos presidentes do clube, Evaristo Moita, acompanhado pela comissão organizadora do memorial, composta por Vítor Gomes, Mário Reis e Francisco Fonseca. A cerimónia serviu para homenagear não apenas os feitos desportivos, mas também todos os que, com voluntariado e paixão, ajudaram a erguer o clube.
Na placa agora inaugurada estão inscritas memórias que vão do primeiro jogo oficial do clube, em Setembro de 1975, à conquista de títulos distritais, taças e subidas à 3ª divisão nacional. O texto recorda ainda a dor da perda de Chico do Porto, as enchentes nas bancadas improvisadas e a formação de várias gerações de atletas. Entre os testemunhos recolhidos, Pedro Falua Ferreira, sócio número 32, hoje com 67 anos, recordou a O MIRANTE o ambiente único do recinto. “Naquele tempo, eram os sócios e os pais dos atletas que construíam as bancadas. Havia sempre gente nos treinos, porque o futebol era a maior distracção da vila a par do cinema e dos bailaricos. O memorial fica para o futuro e para as novas gerações conhecerem a história”, afirma.

Justino Santos marcou o primeiro golo oficial
Justino Santos, antigo ponta-de-lança, também não escondeu a emoção. “O campo lembra-me os melhores momentos da minha vida. Fui o primeiro a marcar num jogo oficial do Samora Correia contra o Vila Chã de Ourique, que perdemos 1-2. O campo, por estar no centro da vila, juntava toda a gente”, recorda. Para João Luís Pernes, que foi jogador, treinador e dirigente, a placa é um regresso ao tempo em que a população enchia as bancadas. “Mesmo sendo uma vila pequena, o campo enchia sempre. Este memorial garante que ninguém esquece”, enaltece. Já Mário Reis, dirigente e membro da comissão promotora, sublinhou o simbolismo do gesto. “Tenho a mesma idade do clube. Fiz parte da geração que cresceu a ver jogos no antigo campo. Era essencial perpetuar esta memória no cinquentenário. Não se anda para a frente sem honrar a história”, afirma.

Detido no fim do jogo por insultar um padre
Também Vítor Gomes, filho do fundador do clube, destaca a importância da homenagem. “É fundamental que não haja esquecimento e que esta mensagem passe para os mais jovens. Estive nos grandes momentos do clube, das subidas da distrital à 2ª divisão nacional”, frisa. Enquanto defesa central, recorda-se de um jogo no Tramagal em que um elemento do público o provocou o jogo todo, chamando-o filho disto e daquilo. O ex-atleta, depois de tanto ouvir, mandou o adepto calar-se. A surpresa ficou reservada para o final do jogo. Já no balneário, Vítor Gomes foi abordado pelo comandante da GNR, que estava ao serviço durante o jogo, indicando que o jogador com a camisola 4 estava detido, justificando que tinha insultado o pároco da vila.

Justino Santos marcou o primeiro golo oficial no campo da Casa do Povo - foto O MIRANTE
João Luís Pernes foi jogador, treinador e dirigente do clube - foto O MIRANTE

50 anos de história do Grupo Desportivo de Samora Correia

O Grupo Desportivo de Samora Correia foi fundado a 8 de Setembro de 1975. Poucos anos depois, em 1982/1983, a equipa sénior conquistava o título de campeão da 1ª divisão distrital e erguia também a Taça do Ribatejo, feito que seria repetido noutras épocas marcantes. Em 1985/1986 o clube alcançou pela primeira vez a subida à 2ª divisão nacional, repetindo o êxito em 1988/1989. Na década de 1990 chegaram algumas das páginas mais emblemáticas da história do clube. Em 1993/1994, os seniores voltaram a ser campeões distritais, conquistaram a Taça do Ribatejo e a Supertaça, culminando com a inauguração do Complexo Desportivo da Murteira em 1 de Novembro de 1994. Pouco depois, em 1996/1997, a equipa sénior voltou a ser campeã distrital e a erguer a Supertaça, consolidando a sua presença no futebol ribatejano.
Nas camadas jovens também não faltaram conquistas. Os infantis foram campeões da 2ª divisão distrital em 1994/1995, os iniciados sagraram-se campeões da 1ª divisão distrital em 2008/2009, os juvenis foram campeões da 2ª divisão distrital em 2009/2010, e os juniores ergueram o título da 2ª distrital em 2017/2018. Mais recentemente, em 2021/2022, os juniores venceram a Taça do Ribatejo, enquanto em 2022/2023 os juvenis voltaram a ser campeões da 2ª divisão e em 2023/2024 os juniores repetiram a mesma conquista.
O ciclo de vitórias continuou em 2024/2025, ano em que os infantis femininos venceram a Taça de Encerramento, os iniciados sagraram-se campeões distritais e os seniores regressaram aos palcos nacionais com a subida ao Campeonato de Portugal, coroada com a conquista da Supertaça distrital. Ao longo de meio século, o Grupo Desportivo de Samora Correia construiu uma história feita de títulos, subidas de divisão e da formação de várias gerações de atletas, firmando-se como um dos clubes de referência do futebol ribatejano.

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