Sociedade | 16-09-2025 10:00

Ministra reconhece degradação de serviços no Hospital Vila Franca de Xira e promete regresso da PPP

Ministra reconhece degradação de serviços no Hospital Vila Franca de Xira e promete regresso da PPP
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, com o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira - foto O MIRANTE

Ana Paula Martins esteve em Vila Franca de Xira para inaugurar o novo Campus de Saúde da Misericórdia e criticou o estado em que se encontram as respostas na saúde nos cinco concelhos servidos pela Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo. O regresso de uma parceria público-privada para gerir o hospital está na agenda política.

O estado da saúde nos cinco concelhos abrangidos pela Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo, entidade que gere o Hospital Vila Franca de Xira e os centros de saúde está a passar por um mau bocado e isso está a deixar a ministra da Saúde “muito preocupada” e a ponderar mudanças para breve, entre elas a reactivação de uma parceria público-privada para gerir o hospital. Ana Paula Martins esteve na cidade, na manhã de 8 de Setembro, para inaugurar o novo Campus de Saúde da Misericórdia e avisou que existem hoje “muitos problemas e preocupações” por resolver na ULS Estuário do Tejo, com prejuízo para os utentes, administrada por uma equipa encabeçada por Carlos Andrade Costa, que ouviu os recados da governante sentado na primeira fila.
“O contrato da parceria público-privada (PPP) terminou em 2021 e foi dito na altura que o hospital seria o mesmo, que a ideia era melhorar ou aumentar a qualidade. Assim não aconteceu e os resultados estão à vista: as consultas diminuíram 10,3% e as cirurgias 3,5%. Apesar de ligeiros aumentos em 2023 e 2024 estamos longe dos níveis da PPP”, criticou Ana Paula Martins. A governante lembrou que o Hospital Vila Franca de Xira está hoje longe da eficiência do passado. “Os relatórios do Tribunal de Contas, da Entidade Reguladora da Saúde e do Ministério da Saúde mostram através de factos o que a ideologia jamais conseguirá apagar: a PPP era uma boa solução, para os utentes, para os profissionais e para os dinheiros públicos. O período de internamento em ambulatório duplicou, as consultas externas aumentaram 76% e o custo operacional por doente padrão, que era de 2.653 euros, em 2017, era o segundo mais baixo de todos os hospitais analisados”, lembrou.
Tudo isto, disse, num hospital de eficiência operacional elevada, custos reduzidos, padrões de qualidade aferidos e assinaláveis, uma imagem bem diferente dos dias de hoje. Carlos Andrade Costa foi ouvindo o discurso da ministra e abanando que sim com a cabeça. Ana Paula Martins voltou a garantir que nesta legislatura vai ser lançado concurso para voltar a dar uma gestão público-privada ao hospital.
Nos corredores, durante a inauguração do Campus de Saúde, até se falou na forte possibilidade do gabinete de Ana Paula Martins estar já a preparar a nomeação de uma nova equipa de administração para o hospital, para depois das autárquicas, facto que esta acabou por não confirmar por evitar falar aos jornalistas no final da sessão.

Saúde das grávidas é “linha vermelha”
Depois de vários casos de grávidas a dar à luz em ambulâncias, uma delas em pleno passeio no Carregado, facto que indignou a comunidade, a ministra garantiu que não vai fechar a maternidade de Vila Franca de Xira, uma das que, ultimamente, mais tem sofrido com a falta de profissionais. “Estamos a estudar a rede de referenciação das urgências para garantir segurança às grávidas e aos bebés. Teremos certamente de partilhar recursos, porque não temos médicos suficientes para garantir as escalas em Lisboa e Vale do Tejo e os encerramentos contínuos de urgências não nos descansa. É uma enorme preocupação mas a solução tem de ser encontrada com base nos estudos feitos pelas comissões de peritos especializados e os conselhos de administração, em diálogo com os autarcas. A linha vermelha é a segurança da grávida e do bebé”, avisou.
Ana Paula Martins prometeu também voltar a reunir com os autarcas dos cinco concelhos servidos pela ULS Estuário do Tejo que pedem soluções urgentes para os problemas vividos no Hospital Vila Franca de Xira. “Sei que os autarcas entraram de mãos vazias, que vos foram esvaziadas com medidas mal avaliadas no passado e que não tiveram em conta as vossas populações. Mas não saíram da minha reunião com mais promessas ou soluções milagrosas porque não governamos assim. Tiveram uma partilha honesta de que estamos aqui para fazer o que for preciso sem medo, para voltar a ter na ULS as respostas necessárias para uma região de elevado potencial social e económico”, afirmou.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, saudou a garantia da ministra e espera que o assunto volte a ser aprofundado na nova reunião que terá lugar com todos os autarcas.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1733
    10-09-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1733
    10-09-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1733
    10-09-2025
    Capa Vale Tejo