Heliporto de Samora Correia tem três anos mas só foi usado uma vez

A primeira aterragem no heliporto dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia gerou curiosidade na comunidade, mas não correspondeu a qualquer missão de emergência. Tratou-se de um helicóptero privado autorizado a estacionar em Samora Correia por motivos logísticos.
O heliporto anexo ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia foi utilizado pela primeira vez no dia 20 de Agosto, três anos após a sua conclusão. A estreia não esteve ligada a operações de socorro ou combate a incêndios, mas sim a um pedido particular de estacionamento de curta duração. “A aeronave não pertence a nenhuma entidade pública. É de um particular, empresário com negócios em Vendas Novas, que pediu autorização para estacionar no heliporto durante algumas horas”, afirma a presidente da associação humanitária, Irina Batista, em declarações a O MIRANTE.
Nas redes sociais chegaram a circular comentários a dar conta de que os bombeiros teriam finalmente um helicóptero próprio. “Nada disso. Foi mesmo uma questão logística de um particular”, reforça a responsável, que confirma ter sido a estreia na utilização do heliporto. O helicóptero, que estacionou em Samora Correia procedente de Vigo, na Galiza, abasteceu no aeródromo da Garrocheira (Avitrata), em Benavente. Fotografias recentes mostram o aparelho no aeródromo do Cerval, em Vila Meã, Valença, a 16 de Agosto.
A aeronave em causa é um Robinson R44 Raven I, com matrícula EC-MTH, fabricado em 2012 e com capacidade para cinco lugares. De acordo com registos oficiais espanhóis, a matrícula encontra-se activa desde Abril de 2019 e, segundo o Ministério de Transportes e Mobilidade Sustentável, de Espanha, assim como a Agência Estatal de Segurança Aérea daquele país, o helicóptero figura na listagem das matrículas activas a 1 de Setembro deste ano.
O helicóptero não é estranho ao mundo da aviação. Em Janeiro de 2022 esteve envolvido num incidente no aeródromo de Son Bonet, em Maiorca, quando, durante um voo de instrução, uma vez que o aparelho pertencia, nessa altura, a uma escola de voo, quase colidiu com um avião Mooney M20K em fase de aterragem. Segundo o relatório final da Comissão de Investigação de Acidentes de Aviação Civil espanhola, as duas aeronaves chegaram a ficar a apenas quatro metros de distância, tendo o helicóptero executado uma manobra evasiva para evitar o choque. Ninguém ficou ferido e não houve danos materiais.
Heliporto sem procura
Quanto à infraestrutura de Samora Correia foi projectada para apoiar operações de combate a fogos e emergências médicas, enquadrada no Plano Nacional de Emergência de Protecção Civil. Contudo, desde a sua inauguração em 2022, nunca foi utilizada pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) nem pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Os helicópteros de socorro acabam, na maioria das vezes, por aterrar em estradas ou relvados de estádios próximos das ocorrências. Com o heliporto finalmente testado, ainda que por via privada, fica a evidência de uma infra-estrutura pronta para servir a região em situações de emergência, mas que até agora não teve uso operacional.