Sociedade | 19-09-2025 21:00

Activista de Azambuja entre os tripulantes da flotilha humanitária atacada por drone no Mediterrâneo

Activista de Azambuja entre os tripulantes da flotilha humanitária atacada por drone no Mediterrâneo
Miguel Duarte - foto arquivo O MIRANTE

Miguel Duarte testemunhou o momento em que um drone largou um engenho explosivo na embarcação onde seguia. Activista de Azambuja que se tem dedicado às causas humanitárias é um dos tripulantes portugueses a bordo do Family Boat, que tem como objectivo levar ajuda aos palestinianos na Faixa de Gaza.

Miguel Duarte, de Azambuja, está entre os tripulantes do barco da flotilha humanitária, conhecido como ‘Family Boat’ (Barco da Família)”, com bandeira portuguesa, que foi atingido por um drone em Tunes, capital da Tunísia, na madrugada de 9 de Setembro. A embarcação transporta elementos portugueses participantes na acção humanitária de apoio aos palestinianos na Faixa de Gaza, assim como membros do Comité Directivo da organização.
O activista humanitário gravou um vídeo que publicou nas suas redes sociais a confirmar que ouviu um drone a aproximar-se que ficou a “uns três metros” acima da sua cabeça. Juntamente com outro elemento viu-o “largar o explosivo que iniciou o incêndio grande” na embarcação. “Com a ajuda de extintores conseguimos apagar o incêndio em alguns minutos e felizmente a tripulação está são e salva”, relatou Miguel Duarte, de 33 anos, naquele momento o único português a bordo. Além deste integram a flotilha a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e a actriz Sofia Aparício.
“Os actos de agressão destinados a intimidar e a inviabilizar a nossa missão não nos dissuadirão”, escreveu em comunicado a Flotilha Global Sumud, acrescentando que “a missão pacífica de quebrar o cerco a Gaza e de [se] solidarizar com o seu povo continua com determinação e resolução”.

Um jovem doutorado dedicado às causas humanitárias
Miguel Duarte, natural de Azambuja, é licenciado em Engenharia Física e Tecnológica pelo Instituto Superior Técnico (IST) e participou em várias missões em alto mar dedicadas ao resgate de migrantes. Chegou a ser acusado pelo Ministério Público italiano de apoio à imigração ilegal, por ajudar a resgatar refugiados no mar Mediterrâneo. Em 2019, em entrevista a O MIRANTE, o jovem doutorado em Matemática confessou que nunca tinha vivido nada “que chegasse perto da felicidade de ter conseguido ser útil para tanta gente e, por outro lado, da tristeza profunda que ninguém apaga, de ter chegado tarde para tantas outras”.
Antes, aos 14 anos, Miguel Duarte já tinha sido notícia em O MIRANTE. Foi em Novembro de 2006. Então aluno do 9º ano, na Escola Secundária de Azambuja, o então adolescente era distinguido a nível nacional pela Fundação Calouste Gulbenkian como o “Físico Prodígio”, o que augurava uma brilhante carreira académica. A participação no concurso, em que participaram três mil estudantes de todo o país, valeu-lhe um computador portátil. Como escrevíamos na altura, não são todos os jovens da sua idade que falam sobre o raciocínio de Arquimedes ou sobre as três leis de Newton como se de um jogo de computador se tratasse.
Miguel Duarte confessava-se apaixonado pela família. O apego às raízes levava-o a atirar um redondo “não” quando lhe perguntámos se pensava sair do país para trabalhar. A oportunidade de estudar fora ainda era uma questão a pensar, afirmava o jovem que dizia querer ser médico neurologista.

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