Bombeiros de Vila Franca de Xira vão hipotecar quartel para financiar novas viaturas

Solução está a causar polémica entre alguns sócios da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, que questionam a medida. Presidente da direcção diz que é a única forma de substituir uma ambulância que ficou destruída num acidente em Dezembro de 2024 e um veículo de transporte de água com 36 anos de serviço.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira quer contratar um empréstimo de 350 mil euros à Caixa Agrícola de VFX e Arruda dos Vinhos, garantindo a operação com a hipoteca do quartel, visando financiar a compra de duas viaturas e a reparação de uma terceira. A solução alarmou alguns sócios e tem gerado polémica na cidade.
O presidente da direcção, Bernardino Lima, explica a O MIRANTE que a decisão é fundamental para substituir duas viaturas. A primeira é um veículo táctico de transporte de água para incêndios florestais com capacidade para 4.500 litros, onde o tanque, devido aos 36 anos da viatura, começou a apresentar fissuras e a perder água. O orçamento para a reparação é superior a 40 mil euros. “A direcção achou que gastar 40 mil euros num carro com aquela idade, que hoje tem um depósito partido e amanhã terá o eixo e depois o semi-eixo partido, não valia a pena”, explica. O dirigente diz que foram pedidos dois orçamentos, um deles da Mercedes (350 mil euros) e outro da Iveco, de 250 mil euros.
A segunda viatura visa substituir uma ambulância que ficou totalmente destruída num aparatoso despiste em Dezembro de 2024, quando seguia em marcha de urgência junto à antiga Escola da Armada, em VFX. A corporação concorreu ao Orçamento Participativo tentando obter apoios para a compra mas não conseguiu. Também bateram à porta de Fernando Paulo Ferreira, presidente da câmara, a pedir ajuda, sem sucesso. “Como é lógico, não podemos ficar eternamente à espera de uma ambulância que nos faz imensa falta. Por isso, a única solução é comprar uma e acrescentar perto de 80 mil euros à soma do carro anterior”, explica. Por fim, a auto-escada da corporação teve de ser revista e arranjada, com a conta a rondar os 36 mil euros.
“Não nos resta outra escolha senão pedir à Caixa Agrícola um empréstimo para podermos fazer face a estas três coisas. Eles dão-nos o dinheiro com uma taxa de juro bastante atractiva, de 1,5%, que é um valor que normalmente só se consegue para habitação, não para empresas desta natureza. E como é lógico solicitam-nos uma garantia real para o dinheiro e tem de ser o quartel”, explica o dirigente, que foi bancário de profissão.
O dirigente garante que a solução não é um passo maior do que a perna e que o empréstimo será pago em 12 anos em prestações a rondar os três mil euros mensais. “Um valor que não tem qualquer problema em ser pago, é viável”, garante, numa corporação que tem uma dívida à banca a rondar os 47 mil euros. Bernardino Lima diz que a polémica se prende com o período eleitoral que se vive. “Se nos últimos 30 anos, esta gente que hoje está tão preocupada, tivesse comprado carros e feito as intervenções que são necessárias, não teríamos agora de passar por isto. Em quatro anos já tivemos de comprar três carros”, lamenta. A subscrição e contratação do empréstimo vai a discussão dos sócios em assembleia geral a realizar a 22 de Setembro no quartel, pelas 20h30.