Professores do Cartaxo esperam novos desafios e muitas adaptações no novo ano lectivo

Cerimónia de início do novo ano lectivo do Cartaxo homenageou docentes com 25 anos de carreira e juntou toda a comunidade educativa, tendo alguns professores partilhado com O MIRANTE os desafios e as aprendizagens constantes da profissão.
O Centro Cultural do Cartaxo recebeu, no dia 10 de Setembro, professores, assistentes administrativos e operacionais, bem como autarcas do concelho, numa tarde dedicada à comunidade educativa e à abertura oficial do ano lectivo, com alguns professores a partilhar com O MIRANTE os desafios da profissão e do regresso às aulas. Um dos momentos mais simbólicos da cerimónia foi a entrega de diplomas e medalhas aos professores que completaram 25 anos de carreira no concelho.
Rosabela Ferreira foi uma das homenageadas e partilha que os desafios de ser professora vão muito além da adaptação a novas matérias. “É preciso dar resposta às aprendizagens exigidas, mas também acompanhar a evolução da sociedade, das tecnologias e das vivências dos alunos”, destaca. Com mais de 30 anos de carreira, a professora do 1º ciclo sublinha que a profissão continua a colocá-la constantemente à prova, sobretudo face às rápidas mudanças tecnológicas e sociais, admitindo que, por vezes, se sente “ultrapassada” pelos conhecimentos e vivências dos alunos. Algo que encara como uma oportunidade de aprendizagem, sublinhando que esse é um dos maiores desafios e maiores riquezas da docência: a capacidade de crescer lado a lado com as novas gerações.
Uma das adaptações que muitas escolas vão ter este ano é a proibição de telemóveis no 1º e 2º ciclo, sendo neste caso a professora uma defensora de que o telemóvel deve ser visto como “uma ferramenta útil na sala de aula, desde que com regras e limitações”. A docente sublinha que no recreio este deve ser proibido, para que os alunos possam comunicar e interagir, mas que as utilidades das novas tecnologias nas salas de aula são essenciais e não algo a ser eliminado por completo. “Hoje em dia os próprios manuais já incluem testes e questionários para alunos fazerem na internet, então acho que deve haver uma melhor adaptação nesta questão”, salienta.
Os desafios de quem salta de escola em escola
Um novo ano lectivo é sempre exigente, mas para quem muda de escola com frequência os desafios multiplicam-se. É o caso de Cláudia Gomes, 48 anos, e Edite Paulo, de 51, ambas professoras do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita e que se fixaram recentemente no ensino público. Cláudia Gomes só entrou há dois anos no quadro das escolas públicas, tendo chegado este ano ao Cartaxo e Edite Paulo está no seu segundo ano lectivo no agrupamento, mas confessa que a adaptação ainda está a decorrer. Ambas sublinham que para quem chega a uma escola nova tudo é um desafio: conhecer os manuais, os métodos, os colegas, a direcção e até o próprio ambiente. As docentes salientam que esta é uma realidade comum a muitos docentes e que para o ano lectivo correr bem é essencial uma boa coordenação e organização. “Há mais vertentes e preparações a ter em conta, mas se estas duas falharem, o resto também não funciona”, defende Cláudia Gomes, natural de Benfica do Ribatejo, Almeirim.
O tema da proibição do uso de telemóveis no 1º e 2º ciclo também não lhes é indiferente, afirmando Edite Paulo, de Aveiro, que iria ainda mais longe e que a proibição deveria ser alargada ao 3º ciclo, onde o vício dos telemóveis prejudica ainda mais a socialização dos alunos. Também Cláudia Gomes considera a medida “fantástica” e necessária para travar a dependência das crianças às redes sociais e internet, que segundo a própria, se nota até na forma como falam. Ainda assim, também reconhecem que em contexto de sala de aula há momentos em que o telemóvel pode ser útil, seja para pesquisas rápidas ou testes online.

João Heitor promete investimento em escolas do Cartaxo
Na cerimónia de arranque do novo lectivo, o presidente da câmara municipal, João Heitor, anunciou planos para obras em várias escolas do concelho, para além da actual empreitada na Escola D. Sancho I, em Pontével, afirmando que também estão a ser feitos planos para melhorar as infra-estruturas do Agrupamento Marcelino Mesquita, a Escola José Tagarro e outras escolas do 1º ciclo. “Felizmente, a nossa comunidade está a crescer e nós temos que estar preparados”, disse.
João Heitor destacou também a necessidade de reforçar a sustentabilidade e a autonomia energética do concelho, incluindo nas escolas, apontando o aproveitamento de resíduos e a aposta nos gases renováveis como áreas em que o Cartaxo pode ser exemplo. “Temos potencial para produzir grande parte da energia que consumimos e é fundamental envolver as crianças e jovens nesse caminho”, afirmou.