Ano lectivo começa em Ourém com mais alunos e parque escolar requalificado

Arranque do ano lectivo foi assinalado em Ourém com uma sessão de boas-vindas aos professores. Este ano há mais 253 alunos matriculados, ultrapassando já, no total, os 7500, de 51 nacionalidades. O MIRANTE acompanhou a iniciativa e conversou com dois docentes.
O Teatro Municipal de Ourém foi palco para a abertura oficial do ano lectivo 2025/2026 no concelho. O evento, que foi dirigido aos docentes, contou com uma actuação de dança, conferências e uma homenagem aos professores aposentados. O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque (PSD), deu as boas-vindas aos profissionais da educação e referiu que existem 32 escolas no concelho, entre centros escolares, escolas profissionais, colégios, escolas do 1.º, 2.º e 3.º ciclo, do pré-escolar e secundário. “Temos feito um grande trabalho para procurar que estas escolas estejam nas melhores condições”, sublinhou, revelando que, recentemente, foram efectuadas requalificações em diversas escolas do concelho. O município tem procurado também construir novos centros escolares, sendo que o próximo vai surgir em Fátima. Relativamente aos alunos, Luís Albuquerque deu conta de que houve um aumento de 253 comparativamente ao ano anterior, sendo agora mais de 7500, existindo jovens de 51 nacionalidades a estudar no concelho. O concelho de Ourém conta, este ano, com 664 docentes e 360 assistentes operacionais.
A burocracia que paira sobre a profissão
O MIRANTE acompanhou a iniciativa e aproveitou para conversar com dois professores sobre o arranque de mais um ano lectivo. João Victor, 63 anos, nasceu em Tomar, mas foi dar aulas para Ourém há 40 anos. Antes ainda deu aulas em Alvaiázere, Castanheira de Pera e Pedrógão Grande, tendo-se tornado efectivo em Ourém em 2002. Professor de Educação Física do 2º ciclo, é apologista de um ensino prático e de contacto com os alunos. “Levo alunos para a floresta e para vários lados, já dinamizei férias desportivas também. Felizmente tenho tido uma boa relação com os alunos, quando me vêem fazem uma festa”, diz sorridente. Casado e pai de dois filhos, o docente recorda como começou a sua carreira no ensino. João Victor conta que, após concluir o serviço militar obrigatório, tentou duas carreiras, que foram serviço militar e Polícia Judiciária, tendo desistido de ambas. “Por acaso, aconteceu que me disseram que havia falta de professores de Educação Física, fui experimentar, gostei e fiz carreira nessa área”, explica.
Quase a chegar aos 64 anos, o docente já pensa na reforma, afirmando que se sente cansado, não tanto com a escola e com os alunos, mas mais com o sistema. “O sistema está a ser muito burocratizado e muito pesado para nós”, lamenta. João Victor considera que o ensino é fundamental na educação dos jovens, mas defende que devia existir um investimento ainda maior, referindo que hoje há muitos alunos que não têm interesse pela escola. Sobre a proibição de telemóveis nas escolas, o professor de Educação Física diz concordar plenamente.
Professora deslocada durante 22 anos
Carina Cardoso, 46 anos, dá aulas de Educação Especial. Embora seja natural de Ourém, nem sempre deu aulas no concelho, tendo sido professora deslocada durante 22 anos. Passou por diversos locais, como Atouguia da Baleia, Sever do Vouga, entre outros. “Era muito difícil, porque metade do salário era para as viagens e nunca fiquei em lado nenhum porque sempre achei que, além de amar a profissão, a minha família estava acima de tudo, mas era muito dispendioso e muito cansativo”, recorda.
Há quatro anos a dar aulas em Ourém, Carina Cardoso, que é casada e mãe de um filho, não poupa nos elogios, referindo mesmo que é um local “espectacular” para se trabalhar. A docente conta que a sua formação base é Matemática e Ciências. Após a licenciatura esteve dois anos a dar aulas no 1º ciclo, tendo decidido mudar para Educação Especial, onde continua. “Gosto de contribuir para a promoção da inclusão. Tento ao máximo que evoluam dentro das potencialidades de cada um”, sublinha. Carina Cardoso diz olhar com alguma preocupação para o futuro do ensino em Portugal devido à falta de professores, defendendo que os docentes não são valorizados. A professora de Educação Especial diz não concordar com a proibição dos telemóveis nas escolas, considerando que a consciencialização seria um caminho melhor. “Existem muitas aplicações móveis que podiam ser usadas em sala de aula, acho que talvez não vá correr muito bem esta nova medida”, afirma.

