Santarém com projecto para combater espécie invasora de lagostim vermelho

Entre as medidas de controlo está a promoção da captura do lagostim para consumo, uma estratégia que permite reduzir a presença da espécie nos ecossistemas e incentiva a exportação.
A Câmara Municipal de Santarém está a desenvolver um projecto de combate ao lagostim vermelho do Louisiana, uma espécie exótica invasora que pode comprometer o equilíbrio ecológico dos ecossistemas ribeirinhos, promovendo a captura para consumo, entre outras medidas. Em declarações à Lusa, a chefe da Divisão de Ambiente e Sustentabilidade da autarquia, Maria João Cardoso, explicou que o lagostim vermelho destrói os habitats aquáticos, degrada a qualidade ecológica da água e provoca erosão das margens fluviais, sendo também responsável pela “redução significativa da biodiversidade, sobretudo das espécies mais sensíveis”.
A responsável sublinhou que se trata de uma espécie “altamente resiliente e predadora”, cuja presença se tem intensificado ao longo dos últimos anos. Para enfrentar o problema, a Câmara de Santarém desenvolveu o projecto InvaCrustácea, em parceria com a Escola Superior Agrária de Santarém, o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Estação Zootécnica Nacional e empresários ligados aos centros de receção de lagostim.
O projeto, cofinanciado pelo Fundo Ambiental, representa um investimento global de cerca de 25.200 euros. “O objectivo principal é monitorizar a presença e evolução destas espécies invasoras, nomeadamente no rio Alviela, e promover uma resposta coordenada entre ciência, gestão territorial e fiscalização”, adiantou Maria João Cardoso. Ainda segundo a responsável, os dados recolhidos mostram que a progressão do lagostim está a aumentar da foz para a nascente, o que representa uma ameaça crescente para a fauna e flora autóctones. “Estamos a promover a recolha do lagostim por pescadores locais, que o entregam em centros de recepção autorizados, permitindo a exportação para mercados como Espanha, Estados Unidos e China”, indicou Maria João Cardoso, sublinhando que “esta abordagem permite reduzir a pressão sobre os ecossistemas e, ao mesmo tempo, criar emprego e dinamizar a economia local”. A autarquia está também a preparar um documento estratégico, elaborado com os parceiros do projecto, para consolidar as medidas de mitigação e propor alterações ao modelo de licenciamento e fiscalização.